No dia 24 de maio o irmão mais velho do prefeito, o oftalmologista João Francisco Daniel, depôs no Ministério Público de Santo André. O médico contou que assessores e amigos de Celso Daniel – entre eles Sérgio Gomes da Silva, que dirigia a Pajero da qual o prefeito foi arrancado na noite do seqüestro – obrigavam empresários que prestavam serviços para a prefeitura a pagar propinas. "O dinheiro ia para campanhas do PT", disse. João Francisco reiterou o conteúdo de seu depoimento na semana passada, em seguidas entrevistas. Afirmou que, logo após a morte do irmão, soube do esquema de caixa dois por meio de Gilberto Carvalho, dirigente do PT e ex-secretário de governo de Santo André, e de Míriam Belchior, secretária municipal e ex-mulher de Celso Daniel. Em momentos diferentes – e ainda sob o impacto da brutalidade do crime – eles lhe revelaram detalhes do esquema de propinas destinado a irrigar campanhas petistas, diz João Francisco. "Gilberto lavou a alma e falou que, várias vezes, levou dinheiro pessoalmente de Santo André para o deputado e presidente do partido, José Dirceu", diz Francisco. O médico também afirma que seu irmão sabia da operação e concordava com ela porque as comissões eram destinadas ao partido. "Eles me contaram que Celso prometeu tomar providências quando descobriu que os assessores envolvidos no esquema usavam o dinheiro para enriquecer. Mas morreu antes disso."
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