Professor denuncia a Secretaria de Educação de Minas Gerais pela fabricação de analfabetos funcionais diplomados

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Professor denuncia a Secretaria de Educação de Minas Gerais pela fabricação de analfabetos funcionais diplomados

Atenção: se você é professor(a) e acha que é problema seu descobrir ser respeitado por um bando de pivetes que não têm educação pra fazer silêncio em uma sala de aula, deixa de dar a sua aula por qualquer torneio da escola ou filme, não pode esperar que o seu aluno se lembre como somar frações no fim do 2º grau, não pode contar com a Secretaria de Educação porque as especialistas acham que você têm que ficar calado porque recebe o seu salário e a sua única preocupação é de onde tirar pontos para passar os seus alunos analfabetos funcionais para não ser reprovado(a) na avaliação de desempenho e perder o seu salário mínimo e meio, aprenda aqui como é que um MACHO COM DECÊNCIA age. Você ainda tem esperança, mas vire homem (ou mulher) rápido antes que uma das suas alunas medíocres que acha uma heresia pegar o caderno no final de semana se forme em Pedagogia, vá trabalhar na Secretaria de Educação e escreva o novo currículo da sua matéria. Pra quem não me conhece, eu não costumo falar assim, mas isso é só pra alguns que por acaso vieram parar aqui acordarem.

Eu entrei no dia 08 último com uma denúncia no Ministério Público Estadual, de Minas Gerais, sobre a desgraça da aprovação automática. O assunto já foi tratado em grandes revistas: A IstoÉ de 10 de maio de 2000 trouxe a matéria "Ensino reprovado" e edição de 01 de dezembro de 2004 trouxe a matéria "Ensino reprovado II". Isso não é uma questão regional: foi coberta, sem regionalização, por uma revista de circulação nacional, e alguém de outro estado pode confirmar isso. Também não é uma questão PT versus PSDB-PFL/DEM: as matérias supracitadas foram publicadas uma em 3 antes de Lula e outra em 2 depois de Lula. Pais de alunos, professores ou mesmo cidadãos sem uma ligação aparente com a rede de ensino, mas nos três casos pessoas que querem um país decente (e não estamos falando daqueles contrários à distribuição de camisinhas na escola), podemos nos unir. Os de Minas Gerais, podem me contatar. Podem juntar seus próprios materiais ao meu processo, ou podemos juntar nossos processos (Escola Estadual Maria Belmira Trindade, em Belo Horizonte, e Escola Estadual Professora Geralda Magela Leão de Melo, em Itaúna, podem me contatar). Os de outros estados, podem fazer o mesmo em seus estados.

Segue a carta que encaminhei:





Ao Ministério Público Estadual

Gostaria de denunciar que a Secretaria de Educação de Minas Gerais têm tido a política de pressionar os professores a aprovar os estudantes da rede pública estadual quase incondicionalmente. Os alunos (não todos, mas em geral) não estudam, não respeitam os professores, não respeitam o ambiente escolar, não se lembram no segundo bimestre do que estudaram no primeiro, e, no entanto, se tais alunos são reprovados é incompetência do professor (não é difícil encontrar uma inspetora que diga isso com essas palavras).

Eu mesmo, professor, tive que pedir dispensa de um cargo para não perdê-lo, em maio deste ano. Anexo aqui uma carta que eu encaminhei à inspetora Conceição Amaral, que foi me procurar na escola em que eu trabalhava (E. E. São Tomaz de Aquino, Divinópolis) por ter recebido reclamações de pais motivadas em última análise pelas más notas dos seus filhos e meus alunos. Com essa carta foram anexados os trabalhos e as provas que apliquei à turma, e os mando anexos aqui como entregues a ela. Anexo aqui, ainda, uma cópia da página do meu diário em que constam as notas, parciais e totais, do 1º bimestre e uma "Ata de Termo de Ciência" de uma reunião com a diretoria, movida pelas reclamações de alguns alunos insatisfeitos com suas más notas.

Encaminho também exemplares de um trabalho que apliquei nas minhas turmas na E. E. Miguel Couto, duas do 9º ano do 1º grau e duas do 1º ano do 2º grau (um deles, devo destacar, do aluno de melhor desempenho das minhas turmas).

Um ponto, um pouco fora do assunto, mas que deve ser destacado: a "Ata de Termo de Ciência" supracitada menciona que "o professor não está seguindo o CBC". Caso não tenham visto o Conteúdo Básico Comum para a Física do 1º ano do 2º grau, podem acessá-lo em http://crv.educacao.mg.gov.br/, clicando em "Proposta Curricular - CBC", "Médio", "Física". Dizer que esse programa é uma tragédia não é coisa de professor arcaico. O primeiro tópico do programa é "Energia na vida humana"; mas energia é a capacidade de realizar trabalho, visto no tópico 12; trabalho é, simplificadamente, o produto do deslocamento de um objeto pela componente da força atuante sobre ele na direção desse deslocamento, e as forças só são vistas no tópico 30 (nos "Conteúdos Complementares de Física"); força é "um agente capaz de modificar o estado de repouso ou de movimento de um determinado corpo" (como citado em Brasil Escola), e movimento só é dado no tópico 31 (novamente, "Conteúdos Complementares de Física"); potência, que é trabalho ou energia por unidade de tempo, é vista no tópico 20, antes de força e de movimento.

Reforço que o jornal Super Notícia já abordou o assunto em duas matérias: "Professores são proibidos de reprovar alunos" (27 de outubro de 2010) e "Mais uma escola que não pode reprovar" (28 de outubro de 2010).

Atenciosamente,

Walter Nunes Braz Júnior

Divinópolis, 8 de novembro de 2010


37 8823 8674

w42739@yahoo.com.br


A documentação anexa supracitada, exceto os exemplares dos trabalhos, pode ser vista em http://semsenhores.wordpress.com/2010/07/11/aprovacao-automatica-escola-publica/.

Finalmente, devo reforçar que a rede estadual de ensino de Minas Gerais, a escola pública brasileira e o mundo não precisam de mais empregados que cumprem ordens e se submetem a exigências absurdas para garantir os seus um ou dois salários mínimos por mês. Os profissionais da educação covardes e submissos também são os mesmos que têm um aumentinho no salário conseguido pelos colegas militantes que trabalharam por dez em uma greve de três ou quatro meses. Precisamos de gente que faça a diferença, que lute para deixar um mundo menos atrasado e estúpido antes de morrer, o que no nosso caso é uma escola onde o aluno saia com bem mais conhecimentos do que entrou depois de 12 anos. Fazer diferença é coisa pra macho - bom, pra mulher também.

Walter Nunes Braz Júnior

"Pessoas inteligentes falam de idéias, pessoas comuns falam de coisas, pessoas medíocres falam de pessoas." (autor desconhecido)


 

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