Wladmir Coelho
http://politicaeconomicadopetroleo.blogspot.com/2011/07/os-oligopolios-controlam-o-petroleo-do.html
A rainha Elizabeth II condecorou no último mês de junho o presidente
da British Petroleum, Sir Frank Chapman, por seus relevantes serviços
à indústria do petróleo e gás do Reino Unido. Esta honraria,
naturalmente, não foi concedida em função do aumento da produção
petrolífera doméstica tendo em vista o declínio observado nos campos
do Mar do Norte desde os anos 90. Então qual seria o motivo de
atribuir um título medieval ao chefe de uma empresa "moderna"?
Vejamos:
O Reino Unido possui as maiores reservas de petróleo da União
Européia, todavia, a exploração destes recursos torna-se, ano após
ano, mais onerosa em função da maturidade de seus campos. A solução
para superar este déficit encontra-se na tradição, e sabemos todos do
zelo das elites inglesas por suas tradições, de ocupação e controle de
áreas produtivas localizadas em diferentes pontos do planeta. Para o
deleite da Coroa a British Petroleum, desde o inicio do século XX,
cumpre esta função.
Naturalmente os ingleses não consomem todo o petróleo de propriedade
da British Petroleum, mas o capital exportado dos países produtores
para os cofres de sua majestade contribui para lucro do sistema
financeiro principalmente neste momento de crise.
Vejam a importância de Sir Chapman para a economia inglesa. Sua
honraria medieval foi concedida poucos dias antes do anuncio oficial
de fantásticas "descobertas" petrolíferas na bacia de Santos no
Brasil. Fato que elevou as expectativas das reservas da British
Petroleum para 8 bilhões de barris somente nesta área do pré-sal
brasileiro. Apenas para comparar; no Mar do Norte o Reino Unido
controla pouco mais de 4 bilhões em reservas provadas. Quem sabe a
rainha não entrega o mesmo título aos governantes de plantão no
Brasil?
Motivos não faltam afinal o Brasil do discurso "nacionalista" oficial,
pode ser entendido como ponta de lança do modelo imperialista ou "pós-
neoliberal" cuja base encontra-se na abertura do mercado interno
associada à entrega dos recursos energéticos aos oligopólios. No setor
petrolífero este aspecto torna-se evidente quando observamos o avanço
das empresas internacionais (inglesas e estadunidenses) financiadas
por capital brasileiro através da Petrobras.
Como sabemos a legislação atual para o pré-sal entrega à Petrobras a
responsabilidade de operar os campos do pré-sal, todavia, a empresa
somente controla 30% da empreitada ficando o restante para os
oligopólios. O Brasil entra com os gastos enquanto os oligopólios
ficam com os lucros.
Este modelo fica acrescido da formação de um fundo, formado a partir
dos recursos provenientes da exploração petrolífera destinados ao
Estado brasileiro, para a compra de ações no mercado internacional.
Lucram as forças imperialistas duas vezes.
Enquanto crescem os lucros da British Petroleum e cria-se um fundo
para manter em funcionamento a orgia financeira internacional
registram-se no Brasil greves de professores cujos salários não
superam, em média, 400 dólares. No Rio de Janeiro os bombeiros
reclamam e rebelam-se contra os ridículos salários abaixo dos 500
dólares. Aprofundando o sacrifício da população verifica-se o corte no
orçamento da educação, cultura, pesquisa e outros setores igualmente
importantes.
A necessidade de revisão da política e legislação para a exploração do
petróleo torna-se, deste modo, uma urgente necessidade ou simplesmente
manterá o Brasil a sua tradicional – e as preguiçosas elites nacionais
zelam com paixão por esta tradição – colonial agora chamada por muitos
de "pós-neoliberalismo".
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