(Foi bom ter adiado um texto que tinha em mente sobre ônibus queimados: assim aproveito esta data) Analisar o atentado ao World Tarde Center pela Teoria da Conspiração faz mais sentido, e pessoas com o costume de pensar lucidamente concordarão comigo.
Em nome do combate ao terrorismo, os estadunidenses perderam liberdade. Várias pessoas foram presas de forma arbitrária e ilegal, os hábitos dos cidadãos comuns foram rastreados (como uma biblioteca que avisava seus usuários de que seu histórico poderia ser encaminhado ao FBI sem aviso), pessoas foram demitidas por criticar o governo, protestos foram restritos e outras medidas. Mas era tempo de ameaça terrorista, então além de passar como herói, George "War" Bush ainda conseguiu um segundo mandato.
Mas o curioso em cada caso do gênero é que o problema é persistente e o cidadão de bem é o mais prejudicado, mas este cidadão comum não tem fôlego, coragem ou liberdade para dar atenção ao absurdo da história.
Para George W. Bush, esses aviões sobre o World Trade Center e o Pentágono caíram do céu (infame duplo sentido). Este atentado de 11 de setembro de 2001 veio antes de um ano completo da presidência de Bush Filho, retratado por alguns como de inteligência medíocre e que teve a particularidade de ser, conforme comentário rápido em uma reportagem do Jornal Nacional na época da eleição, o segundo presidente a ser eleito com menos votos que o concorrente. Aliás, ainda assim, foi preciso que a eleição fosse fraudada, inclusive com pessoas impedidas de votar, conforme documentário de Michael Moore.
Mais uma: junto com os três aviões, havia um quarto previsto para cair na Casa Branca, mas os passageiros dominaram os terroristas antes. Justo o avião que cairia na cabeça do presidente. Um livramento que veio do céu (outro duplo sentido)!
Mais uma: conforme uma fonte que não consegui localizar novamente, já havia um plano para demolir o World Trade Center para construir um edifício ainda maior.
Mas tudo bem, tudo pela segurança nacional.
E onde foram parar os terroristas? Por que eles não voltaram? Por que não tentaram outra vez mandar um avião sobre a Casa Branca, principalmente quando o Oriente Médio foi invadido? Por que a guerra contra o terror não continuou com outro ataque árabe / islâmico, mas com os soldados de Bush Filho indo procurar os caras maus entocados como ratos em sabe-se lá que caverna do Afeganistão? Osama Bin Laden indo se entregar de avião ficou só na piada. Aliás, ele só foi pego e morto nove anos depois. Novamente citando Michael Moore ("Cara, cadê o meu país?"), Osama Bin Laden era doente renal. Devia ter sido mais fácil. Pra completar, a família Bush tinha negócios com a família Bin Laden, e Bush Filho providenciou a saída dos Bin Laden dos Estados Unidos em 13 de setembro de 2001.
Já no Brasil, tivemos o caso dos ônibus queimados por traficantes do Complexo do Alemão no fim de novembro de 2010. Não era nem mesmo uma artimanha político-eleitoreira, já que a eleição já tinha acontecido e o PT na presidência e Sérgio Cabral no governo do Rio de Janeiro já tinham sido reeleitos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, é uma reação de criminosos à implantação das UPP's (Unidades de Polícia Pacificadora). Ainda que não haja uma explicação conspiratória aparente, o caso não é muito menos estranho que o dos Estados Unidos. O que os traficantes conseguiram além de dar motivos para a Polícia invadir favelas na semana seguinte? E por que, quando caçados, os churrasqueiros de ônibus não fizeram uma viatura ou um caveirão assado? E, papagaios!, desde quando os traficantes se sentem ameaçados pela Polícia? (Lembra-se do filme "Tropa de Elite"?)
Fazer restrições draconianas aos cidadãos de bem não previne o avanço dos criminosos e malfeitores. Como criminosos são os que se desviam da lei, leis duras, draconianas ou imbecis trazem pouco a temer a estes e mais amolações e prejuízos aos cumpridores das leis (mas muitos pensam ou dizem o contrário). Por isso não podemos dizer que o Patriot Act preveniu outro atentado.
E falando em atentado, um caso que saiu da cabeça da maioria das pessoas, mas não da minha: em 28 de janeiro de 2004, três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados em Unaí (MG) quando iam investigar uma denúncia de trabalho escravo. Os fazendeiros Antério e Norberto Mânica são os prováveis mandantes. Um quádruplo assassinato, de funcionários do Ministério do Trabalho em serviço, um ataque não só ao Estado como contra a pessoa humana, Unaí é a menos de 100 km de Brasília, o governo do Partido dos Trabalhadores com 13 meses poderia fazer a diferença. Mas em que deu o caso?
- em 2004 Antério Mânica é eleito prefeito de Unaí.
- em 2008 Antério Mânica é reeleito prefeito de Unaí, em chapa com apoio do vice-presidente da República José Alencar. (REIMBERG, Maurício. Justiça cogita fechamento da Vara do Trabalho em Unaí. Repórter Brasil, 21 de maio de 2009. Disponível em http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1582)
- em 24.11.08 Antério Mânica (PSDB) recebeu a Medalha da Ordem do Mérito em cerimônia no Palácio das Artes pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais. (idem)
- em maio de 2009 o Tribunal Regional do Trabalho 3ª Região cogitava transformar a Vara de Unaí em "posto avançado" por "baixo movimento processual". (idem)
Segurança nacional, nos Estados Unidos como aqui, é um espetáculo pirotécnico (pela terceira vez, no duplo sentido).
Walter Nunes Braz Junior
Divinópolis / Belo Horizonte, 12 de setembro de 2011.
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