Uma estranha coisa, e não sei se coincidência ou fruto de uma "causa natural" acontece à categoria dos cineastas, em função do Poder, um pouco diferente do que acontece com as categorias e setores triviais da sociedade, pois nossos cineastas e documentaristas aparecem no cenário, não só como comensais, mas também produtores de justificativas, conceitos e até equivocadas e reacionárias descrições, arvorando-se em "ideólogos culturais" (na verdade, arremedos pseudo intelectuais) do mesmo de sempre, isto é, do estupro econômico, cultural e social dos Trabalhadores e Povo em geral, pelas classes dominantes que, embora negadas por eles, existe sim e cada dia mais fortes.
Refiro-me, evidentemente, não aos que se aventuram na difícil arte cinematográfica, sem meios materiais e apoios mis, além de conchavarias com o Poder, mas sim a aqueles que sentam-se na fama como quem deita na cama de bordéis, com pobres prostitutas a serem exploradas sexualmente por eles.
Lamentavelmente, este exercício pseudo intelectual só não conseguiu ainda, até hoje, acabar com as diferenças de classe e de seus interesses antagônicos e nem abolir a Lei da Mais Valia, mesmo com um Congresso porcaria como este que temos, historicamente no Brasil (e no mundo, como vemos mais agudamente hoje na Europa e EUA).
No Brasil é vasta a lista de produtores, cineastas e documentaristas que aderem ao Poder, alguns, é verdade, já com uma notoriedade construída por méritos próprios, outros em busca dela, mas os dois grupos, nos dias em que exercem o papel de porta vozes e avalistas (pseudo) intelectuais dos que nos (des)governam. E todos muito bem remunerados (direta ou indiretamente), isso todos nós podemos ter certeza (eu tenho).
Jean Mazon e Amaral Neto, ao menos a partir da minha infância e juventude foram os principais representantes desta laia. O formato do programa televisivo do Amaral Neto, gerou o que vemos hoje em TODAS as redes de TV, em programas semanais ou mensais, tipo "TV Tal Repórter". Era reacionário, mas inteligente, o gajo... Já o Jean Mazon gerou uma linha de Documentários tecnicamente muito bons, mas sem nenhum conteúdo crítico ou opiniático, reafirmando o mito reacionário que é possível descrevermos alguma coisa (principalmente sobre a vida política de um país), de forma "isenta".
O principal representante da linha JeanMazônica de documentários insípidos e "isentos de opinião", a meu ver, é o Silvio Tendler, com os seus Jango, JK, Tancredo, que nada têm, a não ser sobreposição em forma documental do que saiu na imprensa da época, e mais uns depoimentos aqui e ali. E, há pouco nos "brindou" com um documentário Veneno em Sua Mesa, onde o formato é o mesmo do programa Globo Repórter (TV Globo) de 1996 e 98, sobre venenos nos alimentos, portanto coisa requentada, pois neste da TV Globo, já eram repassadas a maioria das informações que vemos neste "muderno" de Silvio Tendler, só que 15 anos depois...
O da Rede Globo isentou o governo da época (FHC) de responsabilidades na invasão dos venenos e transgênicos, não mencionando o assunto das responsabilidades. Já o do Silvio Tendler, financiado pelo governo federal (ANVISA e MST – alguém duvida que a sua direção é um órgão governamental?) isenta o governo Lulla de responsabilidades por termos nos tornado o maior utilizador de venenos na agricultura, da legalização dos transgênicos, do aumento em 50 vezes os índices toleráveis (pela ANVISA) do veneno Glifiosato da Monsanto Co., em nossos alimentos, além do fortalecimento do Agronegócio e Paralisação da Reforma Agrária, fatores imediatamente concorrentes para que Sobrem Venenos em Nossas Mesas. Este filme de Silvio "Alice" Tendler, dá até a entender que a ANVISA é VÍTIMA da Monsanto Co., e não um órgão de um governo que é complacente com isso que está aí.
E o Caca Diegues a ver com isso? Ora, quem não se lembra logo após a eleição de FHC, quando foi notícia a ida de Arnaldo Jabor ao gabinete de formação do governo que viria para consolidar a entrega de nosso país à sanha do Mundo Corporativo?
Todos diziam que ele seria o ministro da Cultura. Eu não. Eu intuía que seria apenas um articulador "não governamental" de FHC, pois lembrei-me do cineasta Ipojuca Pontes no governo Collor, que foi massacrado (com justiça) pelo papel de avalizador (pseudo) intelectual da política de "desregulamentação" (= destruição) das Políticas Públicas para a Cultura, entregando-a para os interesses do mercado, inclusive através desta iniquidade da Lei Rouanet, que fez com que, através da renúncia fiscal e sem sermos consultados paguemos, de nosso bolso , as mega produções de sertanejos, pagodeiros e quetais, financiados pelas empresas, elevadas a Médicis da Cultura. Hoje a Lei Rouanet concede, por exemplo, R$300 mil para a produção da peça A Megera Domada... Com a neta do Lulla (quase ainda adolescente), como protagonista. E nós pagando!...
Arnaldo Jabor pode ser tudo, menos trouxa. Preferiu a confortável posição de "Âncora do Poder", nas páginas centrais do jornal O Globo e da TV Globo. Assim, teve palanque para falar o que quis, de preferência a favor (as críticas negativas eram periféricas e muitas, apenas pedindo mais sangue...). Gilberto Gil não observou isso e acabou tendo de se conformar em ser ministro "relações públicas" da Cultura, entre um show e outro.
Caca Diegues, com a eleição de Lulla, seguiu a trilha de seus antecessores, mas daqueles que tomaram o cuidado de defenderem das políticas de entrega, mas sem precisarem se desgastar "botando a mão na massa" e assinando as ordens. Este, de bobo também não tem nada, pelo que vejo...
Assim, Caca Diegues, cineasta cuja fama foi construída pela sua capacidade artística, sem dúvida, mas que recebeu muito apoio e verbas públicas passou a ser articulista semanal do jornal O Globo, a partir da assunção de Lulla à presidência, como mais uma prova que nada mudaria, pois para contrariar os interesses do empresariado, é que não estaria sendo permitido ele por lá, senão esporadicamente, como convém à "democracia dos contentes".
Acompanho seus artigos, para poder analisar para onde foi este outrora vanguarda "uma idéia na cabeça" e do pensamento alternativo para o Cinema Nacional "uma câmera na mão". Atualmente é Caca Diegues nas idéias e Barretão (Luiz Carlos Barreto) na Produção. Um olho no dinheiro público privatizado e outro em Nova Iorque...".
Caca Diegues, na sua transmutação Jaboriana, embora professor de conceituada universidade pública (que resiste ao desmonte. Resistirá?), escreveu artigo dizendo que "foi o mercado que possibilitou que os grandes artistas fossem vistos pela massa", invertendo grotescamente a realidade dos fatos, que apenas possibilitou, com a privatização da vida cultural, que só os grandes comercialmente fossem vistos (e entre eles, certamente há o que preste e não seja colonizado, embora raros). "Só serve se vender bem" é o eslogan canalha que propalam, moldando o consumo cultural ao que interessa a quem paga as produções (as empresas), mesmo que seja com o nosso dinheiro por isenção fiscal, e à nossa revelia.
O grande Mário de Andrade disse "um dia o Povo ainda vai poder comer a massa fina de meu pão", ao responder a uma crítica feita, que ele era "muito hermético". Do crítico ninguém mais lembra o nome, mas até pouco mais do que a minha geração, todos os alunos do ensino básico leram e conheceram Mário de Andrade, e não por força de alguma privataria comercial da Educação, mas sim por causa de Políticas Públicas que nem a ditadura conseguiu derrubar rapidamente como tentou, o que aconteceu só a partir de Collor, é verdade com o serviço facilitado pelos militares e sarney que o antedeceram.
Depois, afinal como Arnaldo Jabor, Caca Diegues declarou-se "entediado e sem motivação para fazer filmes", aparece dirigindo (produzindo) o que chamamos sem medo de errar de "iniqüidade cinematográfica" que é aquele 5 Vezes Favela, onde Caca Diegues diz que "é a voz e imagem da periferia nas telas", só porque alguns "da comunidade" foram os autores das histórias, quando, a meu ver, não passa de uma peça populista para propagandear a "nova classe média do Lulla"(R$1000 por mês, para quatro pessoas) e a falsa "cidadania nas Favelas", onde a pobreza desassistida vai bem obrigado, e o pau continua comendo em cima dos Pobres, mas agora com UPP e UPA (UPA, Cavalinho Alazão...).
No filme do Caca Diegues e de seus favelados escolhidos a dedo, sem risco de algo crítico à origem daquela situação, "ali no morro tudo era bonito. Até traficante se comoveu com uma pipa voada de um menino de outra comunidade apaixonado por guria de lá". Uma peça de ficção macabra. Na Alemanha de Hitler faziam filmes com Judeus gordinhos e esperançosos, nas telas do III Reich...
Este filme 5 Vezes Favela é uma produção stalinista-maoísta-fascistizante (a esquerda conservadora é parente próxima da direita moderna) pós moderna, com grave distorção da realidade, o que nele acontece não sendo verdade em nem 0,001% do universo geográfico e social que é cenário da película, e sendo mais "ribalta artístico-social" para atores globais que mentem, em suas entrevistas auto promocionais dizendo que os Negros conquistam seu lugar também na TV (onde os Pretos só fazem comerciais de Telefone Celular Pai de Santo - Pré Pago que só "recebe"- e Propaganda dos governos e onde não há UMA SÓ - só uma ou duas moreninhas-, bailarina Negra, em mais de meia dúzia de programas de auditório, como é fácil constatar no Faustão, Raul Gil, Silvio Santos, Pânico, que são os mais visto, para ficar só nesses.
Este 5 Vezes Favelas é um Supositório de Mentiras, que enfiam no Povo, iludido com as migalhas temporárias que recebem, em troca da falta de saúde, transporte, educação, segurança, etc. E enfiam com areia...
Na sua fixação amorosa ao mercado, outro dia, Caca Diegues escreveu "o mercado foi criado no dia que, nas cavernas, alguém quis trocar um casaco de pele por outra coisa... (não me lembro o que)".
Ora, Caca Diegues! Esta sua afirmação que endeusa o Mercado para a Cultura, não resiste à menor análise dos fatos ocorridos nas cavernas, e não é respaldado por ninguém com o mínimo de responsabilidade ou credibilidade antropológica, ou mesmo um mínimo de bom senso e pudor intectual.
O Mercado não é isso! O Mercado que combatemos, é aquele Mercado Corporativo onde os oligopólios (todos internacionais) se aproveitam de governos corruptos e seus porta vozes e ideólogos idem (alguns apenas ideologicamente corrompidos, em troca de financiamentos para trabalhos), para ditarem isso e aquilo e as "novas modas" de consumo, imprescindíveis à vida moderna", todos produtos descartáveis e de compra contínua. Caca Diegues, Mercado é outra coisa, Vai Estudar, Vagabundo! (parafraseando filme famoso, da corriola cinematográfica).
Hoje, o que fez com que eu escrevesse este artigo, já idealizado há algum tempo, Caca Diegues escreve sobre uma espécie de alegoria sobre A Origem das Espécies, de Charles Darwin e, a meu ver, na intenção de parecer leve e engraçadinho, o cineasta avalizador de políticas públicas privatizantes, afirma a vontade de, um dia, fazer um filme alegórico sobre a caça do "Homo ricus" ao "Homo sapiens", como se estivesse o Caca Diegues junto aos Homo sapiens, o que definitivamente não está, coisa de fácil constatação, lendo os artigos dele nas páginas d'O Globo, como faço semanalmente, há tempos, pelo duro dever do ofício de crítico chato e constante, mas penso que bem lúcido.
Quero ver é quem vai limpar a M*rda que Caca Diegues faz, repetindo Ipojuca Pontes e Arnaldo Jabor, "in memorian" de Jean Mazon e Amoral Nato..
(*)Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e adora bons cineastas e acha que se é prá ser ruim, que façam como Ed Edward, o Rei do Filme B que, ao menos não posava de intelectual.
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