Re: [sbis_l] Re: Mercado de trabalho para TI em Saúde explode (.... mas nos EUA)

domingo, 23 de setembro de 2012
Em 23/9/2012 08:10, João Marcelo Lopes Fonseca escreveu:
> Considerando as últimas discussões e o conteúdo o artigo replicado
> pelo Prof. Sabbatini, gostaria de perguntar:
> 1. Quem conhece uma empresa que tenha na equipe de desenvolvimento um
> profissional da saúde (médico/enfermeiro) dedicado à função (>60% do
> tempo na empresa ao menos)? Que estimativa fazem da parcela de
> empresas que dispõem de alguém para essa função?
> 2. Quem vê necessidade de um profissional assim híbrido - que dialogue
> com os analistas, não servindo apenas como consultor eventual para
> demandas? Ou serviria como gerador perene de demandas descabidas e
> inoportunas?
>

Conheço várias empresas que fazem isso.

A Intersystems, por exemplo, tem vários médicos e enfermeiros
consultores, que participam da especificação dos produtos, auxiliam na
implantação e pós-vendas, etc. No último Fórum de Saúde Digital, o
Fernando Vogt, diretor da área, manifestou seu entusiasmo e grande
necessidade de ter profissionais desse tipo, inclusive os informatas
biomédicos formados em nível de graduação (bacharelado) na USP de
Ribeirão Preto, pelo perfil de formação interdisciplinar altamente
adequada ao trabalho que desenvolvem. A Intersystems e outras empresas,
contrataram vários desses egressos do curso. Cito, por exemplo, a Katu e
a Matrix.

Acontece que as empresas menores não têm cacife econômico para ter
profissionais híbridos como esses.

Eu diria, do alto da minha experiência de 40 anos de tentar formar esses
híbridos na UNICAMP (Projeto Centauro), que eles são ABSOLUTAMENTE
necessários para o progresso da área, e principalmente para desenvolver
produtos criados apenas a partir dos conhecimentos técnicos do pessoal
de análise de sistemas e programação (os quais, excetuando aqueles que
têm MUITOS ANOS de experiência no fronte da batalha, e vivência dentro
de hospitais, etc., são bastante ignorantes sobre como funciona a
medicina, como devem ser os sistemas que os médicos e outros
profissionais querem, etc.). Isso resulta quase sempre em sistemas
inferiores, rejeitados pelos profissionais que deveriam usá-los.

Interessante você olhar o médico como gerador de demandas descabidas e
inoportunas..... Muito interessante. Mostra o abismo que existe entre o
usuário e o desenvolvedor, só para ficar por ai. E é uma das razões
principais da resistência e da rejeição à TI de que muitos profissionais
se queixam amargamente. Pense nisso, João Marcelo.

Um editorial recente em um importante congresso de eSaúde canadense,
chegou a considerar que é PERIGOSO para os pacientes que os sistemas
sejam desenvolvidos com base apenas em algumas idéias descabidas e
erradas dos analistas de sistemas.... Em uma instituição em que (tentei)
dar uma consultoria, havia uma proibição de que os médicos e enfermeiros
fossem envolvidos na especificação de sistemas!!! Não pode dar certo, pode?

O artigo destaca que a grande maioria dessas 15.000 vagas procura
profissionais de saúde com conhecimento e experiência com PEPs, sendo
que muitos (observação empírica minha) querem profissionais de saúde
versados em sistemas comerciais específicos, como Cerner, Epic, Siemens,
AllScripts, etc.

Eles são dificilimos de achar (menos de 1% dos profissionais de saúde) e
estão portanto em posição altamente confortável, exigindo fortunas
salariais. Numa economia recessiva.

A SBIS precisa fomentar o surgimento de mais profissionais do tipo
enfocado no artigo. Mas sou pessimista a respeito: na Alemanha, 30 anos
atrás era fácil achá-los, quando a medicina estava em crise. Agora
muitos desses profissionais reverteram à prática clínica, mostrando que
era um oportunismo de uma certa parte deles.

Precisamos de gente com paixão pela área. Paixão duradoura!

Abraços
Sabbatini



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