Re: RES: [sbis_l] O Fim da TI em Saúde?
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Oi Pessoal,
estava acompanhando a discussão e gostaria de fazer um comentário, concordando com a visão da Beatriz. Precisamos de profissionais de formações básicas diferentes e complementares, atuando na área de Informática em Saúde. Existem ainda duas dificuldades muito grandes para isso, que são o modelo de formação profissional ainda muito compartimentado (tanto em nível de graduação como de pós) e a definição do campo profissional da Informática em Saúde.
A questão da formação é bastante complexa, a área de conhecimento é muito ampla e com muitas frentes. Se olharmos apenas pela divisão exatas-biológicas, que é uma possível e a mais convencional, varias questões já surgem: por exemplo, da parte das exatas, quem é o profissional de TI? Cientista da Computação, Eng. da Computação, Eng. Elétrico, Eng. Biomédico, Informata Biomédico? Como qualificar esse profissional de TI para a área de IS? O mesmo serve para a área de biológicas.
Nesse sentido, a SBIS entende que iniciativas como o ProTICS e cpTICS podem auxiliar no entendimento das necessidades existentes para a formação de um profissional adequadamente qualificado para a área. A SBIS, como entidade, não tem como decidir os rumos dos cursos de formação no Brasil, seja em nível de graduação ou de pós. Mas, pode ter alguma influência através, principalmente, de seus associados que atuam na área. Alguns progressos têm acontecido: já existem cursos de graduação em informática biomédica (ainda com muitas limitações que não cabe serem discutidas aqui) e esse ano o Ministério da Saúde autorizou a solicitação de bolsas para residentes na área de tecnologia em programas de residência multiprofissional e de profissão em saúde, o que não era possível até então. Ou seja, é possível vislumbrar em médio prazo a estruturação mais efetiva de uma cadeia de formação desde a graduação até a formação pós-graduada em serviço.
A definição do campo profissional é outro grande problema. Isso tem que ser feito pelos governos dos diferentes níveis. Por exemplo, na estratégia de saúde da família existe uma estrutura chamada NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), que trabalha com uma equipe multiprofissional estendida dando suporte aos Núcleos de Saúde da Família (NSFs), que possuem equipes mínimas (médico, dentista, enfermeiro e agente de saúde). A composição do NASF é uma decisão da Secretaria Municipal de Saúde, com base em demandas locais. Não caberia um profissional de IS nessa equipe? Certamente sim! O mesmo se aplica aos outros níveis de atenção, incluindo toda a área hospitalar, que estão na esfera de decisão das secretarias estaduais de saúde e ministério da saúde. Nesse sentido, a SBIS tem trabalhado muito na busca de evidenciar essas necessidades para as diferentes esferas de governo.
Para finalizar esse comentário absurdamente longo, acho interessante fazer um paralelo com uma área de conhecimento irmã, que é a Física Médica. Qualquer serviço de radioterapia, por força de lei, tem que ter em sua equipe um médico radioterapeuta e um físico médico, pois já é sabido e aceito pelas autoridades que, um tratamento mau feito nessa área será, certamente, pior para o paciente do que a sua não realização, que por si só já é um desastre. Se olharmos o serviço de oncologia, a equipe multiprofissional é muito mais ampla, com nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas. Todos são profissionais com formação em algum momento na área de oncologia. Sem essa equipe multiprofissional o serviço não funciona de forma adequada e se coloca em risco a saúde e a vida dos pacientes.
No meu entendimento, a Informática em Saúde é a mesma coisa, precisamos de equipes multiprofissionais com formação na área e a falta destas coloca em risco a saúde e a vida dos pacientes. Infelizmente, isso ainda não é tão evidente quanto na oncologia.
O caminho ainda é MUITO longo!!!
****************
Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques - Ph.D.
Associate Professor in Biomedical Informatics and Medical Physics
Image Science and Medical Physics Center
Internal Medicine Department
School of Medicine of Ribeirao Preto
University of Sao Paulo
Av. dos Bandeirantes 3900, Campus USP - Monte Alegre
14048-900, Ribeirão Preto - SP
Brazil
Tel: + 55 16 36022647 FAX: + 55 16 36022648
----- Mensagem original -----
De: "Beatriz de Faria Leão" <bfleao@gmail.com>
Para: "sbis l" <sbis_l@googlegroups.com>
Enviadas: Quinta-feira, 17 de Janeiro de 2013 10:40:10
Assunto: Re: RES: [sbis_l] O Fim da TI em Saúde?
Desculpem, mas não é esta questão. Não são duas áreas - é uma: Informática em Saúde. Interdisciplinar com profissionais de TI, Saúde e outros.
Não estou entendendo o que está sendo colocado de rivalidade. Não é por aí.
Quem quiser saber mais do que é esta área por favor entre nos sites da AMIA, IMIA, SBIS etc...
Não estamos competindo nem tirando espaço de ninguém, muito antes pelo contrário.
A questào é que é necessário formar gente (médicos, enfermerios, odontólogos, psicologos, gestores, analistas, desenvolvedores ... ) nestas competências.
Não excluimos mas sim agregamos.
Obrigada,
Beatriz
On Jan 17, 2013, at 10:33 AM, Lucas Rizzi wrote:
Tiago é aí que está o problema.
Quebrar os paradigmas de ambas as áreas e encontrar um "meio termo" entre os dois. O pessoal de TI pensa de uma forma, e o da área médica de outro, alinhas os pensamentos na minha opinião é o primeiro passo para que possamos resolver a questão.
Obrigado!
Lucas Rizzi
Gestor de Tecnologia da Informação
Jornalista – MTB 68449/SP
SERMED Saúde Ltda.
(16)9187 5766
(16)3946 9500
Skype: lucke.stz
"A Qualidade somos todos nós"
De: sbis_l@googlegroups.com [mailto:sbis_l@googlegroups.com] Em nome de Tiago Vaz
Enviada em: quinta-feira, 17 de janeiro de 2013 09:57
Para: sbis_l@googlegroups.com
Assunto: [sbis_l] O Fim da TI em Saúde?
Foco é importante na vida para tudo.
Na minha opinião não deve existir esse protagonismo da TI, tão desejado por alguns, dentro da Área da Saúde.
O foco da área da saúde tem de estar na Assistência ao Paciente.
E os técnicos da TI tem de ter outro foco, na Tecnologia, que é complexa, rápida e exige dedicação e especialização.
Saiu um report nos EUA recomendando o uso da metodologia ágil para construção de software para o governo, incluindo os setores da saúde;
http://www.gao.gov/assets/600/593091.pdf
Não existem mais "Projetos de TI", mas sim "Projetos Apoiados pela TI".
Quem deve liderar os projetos? No nosso caso, deveriam ser os médicos, enfermeiros, gestores, pacientes e etc.
Quando vejo relatórios como esse e que ditam tendências globais, volto a ter esperança de que os TIzeiros da saúde vão encontrar o seu lugar ao sol APOIANDO os projetos de TI em saúde e não colocando eles dentro do seu "mundo limitado" e "sem formação" (a maior crítica que leio aqui nesta lista da SBIS).
Se isso funcionar, quem vai precisar de programadores, analistas e gerentes experts na TI em saúde?
Será que esse não é o caminho? Não sei a resposta, mas acho que vale pensar e debater esta alternativa.
Obrigado,
Tiago Vaz
--
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Seja associado da SBIS!
Visite o site www.sbis.org.br
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estava acompanhando a discussão e gostaria de fazer um comentário, concordando com a visão da Beatriz. Precisamos de profissionais de formações básicas diferentes e complementares, atuando na área de Informática em Saúde. Existem ainda duas dificuldades muito grandes para isso, que são o modelo de formação profissional ainda muito compartimentado (tanto em nível de graduação como de pós) e a definição do campo profissional da Informática em Saúde.
A questão da formação é bastante complexa, a área de conhecimento é muito ampla e com muitas frentes. Se olharmos apenas pela divisão exatas-biológicas, que é uma possível e a mais convencional, varias questões já surgem: por exemplo, da parte das exatas, quem é o profissional de TI? Cientista da Computação, Eng. da Computação, Eng. Elétrico, Eng. Biomédico, Informata Biomédico? Como qualificar esse profissional de TI para a área de IS? O mesmo serve para a área de biológicas.
Nesse sentido, a SBIS entende que iniciativas como o ProTICS e cpTICS podem auxiliar no entendimento das necessidades existentes para a formação de um profissional adequadamente qualificado para a área. A SBIS, como entidade, não tem como decidir os rumos dos cursos de formação no Brasil, seja em nível de graduação ou de pós. Mas, pode ter alguma influência através, principalmente, de seus associados que atuam na área. Alguns progressos têm acontecido: já existem cursos de graduação em informática biomédica (ainda com muitas limitações que não cabe serem discutidas aqui) e esse ano o Ministério da Saúde autorizou a solicitação de bolsas para residentes na área de tecnologia em programas de residência multiprofissional e de profissão em saúde, o que não era possível até então. Ou seja, é possível vislumbrar em médio prazo a estruturação mais efetiva de uma cadeia de formação desde a graduação até a formação pós-graduada em serviço.
A definição do campo profissional é outro grande problema. Isso tem que ser feito pelos governos dos diferentes níveis. Por exemplo, na estratégia de saúde da família existe uma estrutura chamada NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), que trabalha com uma equipe multiprofissional estendida dando suporte aos Núcleos de Saúde da Família (NSFs), que possuem equipes mínimas (médico, dentista, enfermeiro e agente de saúde). A composição do NASF é uma decisão da Secretaria Municipal de Saúde, com base em demandas locais. Não caberia um profissional de IS nessa equipe? Certamente sim! O mesmo se aplica aos outros níveis de atenção, incluindo toda a área hospitalar, que estão na esfera de decisão das secretarias estaduais de saúde e ministério da saúde. Nesse sentido, a SBIS tem trabalhado muito na busca de evidenciar essas necessidades para as diferentes esferas de governo.
Para finalizar esse comentário absurdamente longo, acho interessante fazer um paralelo com uma área de conhecimento irmã, que é a Física Médica. Qualquer serviço de radioterapia, por força de lei, tem que ter em sua equipe um médico radioterapeuta e um físico médico, pois já é sabido e aceito pelas autoridades que, um tratamento mau feito nessa área será, certamente, pior para o paciente do que a sua não realização, que por si só já é um desastre. Se olharmos o serviço de oncologia, a equipe multiprofissional é muito mais ampla, com nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas. Todos são profissionais com formação em algum momento na área de oncologia. Sem essa equipe multiprofissional o serviço não funciona de forma adequada e se coloca em risco a saúde e a vida dos pacientes.
No meu entendimento, a Informática em Saúde é a mesma coisa, precisamos de equipes multiprofissionais com formação na área e a falta destas coloca em risco a saúde e a vida dos pacientes. Infelizmente, isso ainda não é tão evidente quanto na oncologia.
O caminho ainda é MUITO longo!!!
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Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques - Ph.D.
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Internal Medicine Department
School of Medicine of Ribeirao Preto
University of Sao Paulo
Av. dos Bandeirantes 3900, Campus USP - Monte Alegre
14048-900, Ribeirão Preto - SP
Brazil
Tel: + 55 16 36022647 FAX: + 55 16 36022648
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Para: "sbis l" <sbis_l@googlegroups.com>
Enviadas: Quinta-feira, 17 de Janeiro de 2013 10:40:10
Assunto: Re: RES: [sbis_l] O Fim da TI em Saúde?
Desculpem, mas não é esta questão. Não são duas áreas - é uma: Informática em Saúde. Interdisciplinar com profissionais de TI, Saúde e outros.
Não estou entendendo o que está sendo colocado de rivalidade. Não é por aí.
Quem quiser saber mais do que é esta área por favor entre nos sites da AMIA, IMIA, SBIS etc...
Não estamos competindo nem tirando espaço de ninguém, muito antes pelo contrário.
A questào é que é necessário formar gente (médicos, enfermerios, odontólogos, psicologos, gestores, analistas, desenvolvedores ... ) nestas competências.
Não excluimos mas sim agregamos.
Obrigada,
Beatriz
On Jan 17, 2013, at 10:33 AM, Lucas Rizzi wrote:
Tiago é aí que está o problema.
Quebrar os paradigmas de ambas as áreas e encontrar um "meio termo" entre os dois. O pessoal de TI pensa de uma forma, e o da área médica de outro, alinhas os pensamentos na minha opinião é o primeiro passo para que possamos resolver a questão.
Obrigado!
Lucas Rizzi
Gestor de Tecnologia da Informação
Jornalista – MTB 68449/SP
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(16)9187 5766
(16)3946 9500
Skype: lucke.stz
"A Qualidade somos todos nós"
De: sbis_l@googlegroups.com [mailto:sbis_l@googlegroups.com] Em nome de Tiago Vaz
Enviada em: quinta-feira, 17 de janeiro de 2013 09:57
Para: sbis_l@googlegroups.com
Assunto: [sbis_l] O Fim da TI em Saúde?
Foco é importante na vida para tudo.
Na minha opinião não deve existir esse protagonismo da TI, tão desejado por alguns, dentro da Área da Saúde.
O foco da área da saúde tem de estar na Assistência ao Paciente.
E os técnicos da TI tem de ter outro foco, na Tecnologia, que é complexa, rápida e exige dedicação e especialização.
Saiu um report nos EUA recomendando o uso da metodologia ágil para construção de software para o governo, incluindo os setores da saúde;
http://www.gao.gov/assets/600/593091.pdf
Não existem mais "Projetos de TI", mas sim "Projetos Apoiados pela TI".
Quem deve liderar os projetos? No nosso caso, deveriam ser os médicos, enfermeiros, gestores, pacientes e etc.
Quando vejo relatórios como esse e que ditam tendências globais, volto a ter esperança de que os TIzeiros da saúde vão encontrar o seu lugar ao sol APOIANDO os projetos de TI em saúde e não colocando eles dentro do seu "mundo limitado" e "sem formação" (a maior crítica que leio aqui nesta lista da SBIS).
Se isso funcionar, quem vai precisar de programadores, analistas e gerentes experts na TI em saúde?
Será que esse não é o caminho? Não sei a resposta, mas acho que vale pensar e debater esta alternativa.
Obrigado,
Tiago Vaz
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