Re: Sem solução.

sexta-feira, 1 de março de 2013


Em 2 de março de 2013 01:58, Fabio Figueiredo <fafig3@terra.com.br> escreveu:

"Ucho Haddad, ou Evaldo Haddad Fenerich", copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 1/07/03

"Ucho Haddad é o nome do editor do site UH! Comunicação Ilimitada, lançado há pouco mais de um mês em São Paulo. Evaldo Haddad Fenerich é o nome de um publicitário com várias passagens pela polícia, uma prisão e uma condenação pela Justiça do Estado de São Paulo. Ucho Haddad é Evaldo Haddad Fenerich.

Ucho Haddad apresenta-se como um baluarte do jornalismo investigativo - por alguns, é reconhecido como tal. Ao que parece, Evaldo Haddad Fenerich tem várias profissões, dada a versatilidade de seu cotidiano. Nos registros da polícia e da Justiça, ele se autodeclara publicitário. Em outros trechos do processo a que responde, atualmente, por estelionato, figura como consultor de investimentos em bancos estrangeiros. Não bastasse, o mesmo Fenerich - tal qual seu alter-ego, UchoHaddad - tem propalado, há muito, sua inclinação pela lida de Hipólito José da Costa.

Evaldo Haddad Fenerich nasceu em 30 de outubro de 1958. Deve satisfação à Justiça há mais de dez anos. Habituou-se, desde 1992, a responder a inquéritos criminais: apropriação indébita, estelionato e outras fraudes, crimes falimentares, falsificação de documento público, falsificação de documento particular, uso de documentos falsos, receptação, ameaça... Mas, ressalte-se, foi condenado em somente um deles: por apropriação indébita, em 02/02/98. A sentença: um ano de reclusão em regime aberto e 10 dias-multa. Concedido o sursis, pôde cumprir a pena em liberdade.

Ele responde, hoje, a um processo por estelionato e outras fraudes. É acusado de ter aberto uma empresa para arrancar dinheiro de gente interessada em empréstimos e investimentos em bancos estrangeiros. De acordo com o depoimento de um ex-funcionário, Fenerich cobrava US$ 20 mil (na época, câmbio com paridade real-dólar) para fazer a operação; teria uma fórmula para evitar a corrida ao escritório, na rua Francisco Leitão, centro de São Paulo: depositava os juros na conta de suas supostas vítimas. Algo em torno de 5% ao mês. Aparecem na quizumba três empresas que seriam de Fenerich: QI Holding, Activa Financial Service e Apoio Financial Service. O escritório teria sido fechado; Fenerich, desaparecido, viajado para Miami. São informações públicas do processo 050.99.090664-9, controle 374/01, da 3ª Vara Criminal da Capital, Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, Barra Funda, região central de São Paulo. Ao todo, são 370 páginas em dois volumes.

O processo teve origem na denúncia de uma comerciante que se tratava de câncer e se disse envolvida pela amizade de Fenerich. Ela o acusa de ter embolsado todas as suas economias: US$ 10 mil e R$ 25 mil. O novo amigo era prestativo, indispensável. Teria prestado auxílio por muitos dias naqueles tempos difíceis de quimioterapia. Diz a suposta vítima que Fenerich ofereceu ajuda para investir o dinheiro. Seria ele, afinal, um legítimo representante de um banco de San Diego (EUA). A comerciante teria entregado a quantia a Fenerich. Deu-lhe também- diz ela- passagens aéreas da American Airlines, às quais teria direito como prêmio de milhagem acumulada.

Fenerich nega as acusações. Em seu depoimento, diz que ele e a comerciante teriam mantido um relacionamento íntimo. Estaria sendo acusado por vingança pessoal.

A suposta vítima diz que o acusado tentou evitar que fosse à polícia: deu-lhe um cheque de R$ 9,8 mil (anexado ao processo). O cheque, do Banco Excel Econômico, não tinha fundos, e fora emitido pela Comercial Importadora e Exportadora Quiller- uma empresa de terceiros que já havia sido fechada.

No mesmo processo, outra acusação contra Fenerich: ter falsificado uma cédula de identidade de um lavador de carros e uma conta de luz, no nome do dono da identidade encontrada, para abrir uma conta no Banco Bandeirantes. A identidade teria sido perdida na rua. Nos autos, pode-se ver uma cópia do suposto documento falsificado: a foto é de Fenerich; o nome é da outra pessoa- teria sido usada como 'laranja'.

Apesar de intimado, Fenerich faltava às audiências. A Justiça deu-o por foragido. Em abril de 2001, a juíza auxiliar da 3ª Vara Criminal da Capital, Nidea Rita Coltro Sorci, decretou-lhe a prisão preventiva. O acusado foi preso na casa de sua mãe, em 31/08/01, às 14h30, por investigadores do 27º DP (Campo Belo, zona sul de São Paulo) - distrito em que permaneceu por quase um mês (em 24/09, a juíza mandou soltá-lo).

A próxima audiência está marcada para o dia 23 de agosto.

Miami e o dossiê Cayman

Vamos voltar no tempo, por apenas alguns dias. Na entrevista concedida a esta coluna (leia 'Bastidores do Caso Cayman', no Leia Também), o jornalista Ucho Haddad contou ter-se infiltrado, em Miami, no grupo acusado de falsificar o dossiê Cayman. Estranhamente, tornou-se amigo dos supostos falsificadores; quando dois deles foram presos - por outras acusações - chegou a ajudá-los com petições à justiça americana.

Evaldo Haddad Fenerich diz que viajava aos Estados Unidos para se tratar de um câncer linfático. Enviou à Justiça de São Paulo um comunicado (31/05/2000) do Memorial Sloan-Kettering International Center, de Nova York, que o informava de uma consulta com o Dr. Straus em 03/06/2000. O documento versava sobre todos os procedimentos de praxe: entre outras recomendações, orientava o paciente acerca do registro no hospital, do custo da primeira consulta (US$ 1 mil) e de uma eventual internação (US$ 100 mil de depósito). Um dos advogados de Fenerich buscava relaxar-lhe a prisão preventiva, com a alegação de que ele deveria prosseguir com o tratamento iniciado nos Estados Unidos em janeiro de 1998. Fenerich viajaria 'diuturnamente' a esse país por causa da terapia. No entanto, de acordo com declaração do próprio acusado à Justiça Brasileira, o tratamento teria começado em 13.06.2000, nesse mesmo Memorial Sloan-Kettering International Center, em Nova York. Fenerich dizia não poder comparecer às audiências (estelionato e outras fraudes) porque o tratamento se alongaria até o fim daquele ano. No processo, até hoje não constam documentos sobre consultas, cirurgias, exames realizados, nada que pudesse comprovar o tratamento nos Estados Unidos. Em um determinado trecho, a defesa de Fenerich argumentava: ele descobrira a doença em 1997, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Os comprovantes apresentados à Justiça são atestados médicos e exames realizados no Hospital Ipiranga (SUS), de São Paulo, em agosto de 2001.

Na entrevista gravada concedida a este colunista, Evaldo Haddad Fenerich dissera ter-se tratado em um hospital de Miami, por obra de um convênio com um hospital de Nova York. O tratamento seria mais barato. Fenerich não fez à Justiça de São Paulo nenhuma referência a hospitais de Miami, tampouco apresentou documentos que comprovassem o seu tratamento nessa cidade.

Fenerich viajara muitas vezes aos Estados Unidos, revelam as cópias de seu passaporte anexadas ao processo 374/01. O editor do site UH! Comunicação Ilimitada fazia a conexão Guarulhos-Atlanta-Miami, em vôos da Delta Airlines. As viagens se deram (considerando-se a ida e a volta): 1998 - em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, julho e setembro; 1999 - em fevereiro, julho, novembro e dezembro; 2000 - em junho, setembro, outubro e novembro.

Rabinovici: 'Fenerich me ofereceu o dossiê'

O Jornal da Tarde e o Estadão publicaram, em 09/10/2000, uma reportagem em que Evaldo Haddad Fenerich é acusado de leiloar o 'dossiê Cayman II'. O artigo é assinado por Renan Antunes de Oliveira: 'Uma 'versão II' do dossiê Cayman está em leilão para políticos e jornalistas, com lance inicial de US$ 60 mil. A papelada, supostamente comprometedora para o presidente Fernando Henrique e a liderança tucana, está sendo oferecida em Miami pela advogada Heloísa Ferraz, de 42 anos, mulher do empresário José Maria Teixeira Ferraz Junior, de 45, preso desde março pelo FBI por narcotráfico. 'Quem pagar mais, leva', disse Heloísa, ontem, por telefone'. Outro trecho: 'Ferraz garante ter a única cópia autenticada - hoje nas mãos da mulher e de um outro sócio, Evaldo Fennerick (sic)'.

Na entrevista a Link SP, Ucho Haddad (Evaldo Haddad Fenerich) negou o leilão e chamou Renan Antunes de Oliveira de antiético. Hoje mais um jornalista o acusa de tentar negociar o dossiê: Moisés Rabinovici, superintendente de comunicação da Associação Comercial de São Paulo.

Esta coluna procurou o ex-diretor da Agência Estado. Haddad diz ser seu amigo. Rabino, como é conhecido, negou a intimidade, disse que o encontrou em três ocasiões: quando Fenerich se queixou de Oliveira ao Grupo Estado; quando ele apareceu na redação com um pedido de emprego para uma mulher; quando ele lhe ofereceu o dossiê Cayman.

Encontraram-se, diz Rabino, a pedido dele, Evaldo Haddad Fenerich. A conversa deu-se em um bar aberto, numa travessa da Avenida Paulista, próximo à Avenida Estados Unidos. Fenerich apresentou-lhe uma pasta fechada. Dentro da valise estariam os papéis de Cayman. Rabinovici não viu os documentos. Fenerich propôs o negócio, sem declinar o valor. Queria, primeiro, saber se o Grupo Estado tinha interesse em comprar o dossiê. Rabino diz ter levado a oferta à alta direção do Grupo. A resposta: 'Nós não compramos esse tipo de informação'. Rabino diz que informou o proponente, e foi só.

Fenerich nega a acusação de Rabinovici. 'Eu nunca quis vender nada para ninguém. Não vou entrar nessa polêmica'.

No início da entrevista a esta coluna, Moisés Rabinovici foi indagado se era amigo do jornalista Ucho Haddad. Rabino demorou a entender o que, literalmente, lhe soletraram. Nunca ouvira falar. Mas reconheceu o sobrenome Fenerich."

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