Dos 11 milhões de habitantes
Três milhões de portugueses vivem no limiar da miséria
Os últimos dados do Gabinete de Estatística da União Europeia (Eurostat) revelam uma realidade assustadora: o número de portugueses em risco de pobreza e exclusão social chegou, em 2010, aos 2,7 milhões.
Consequência deste aumento do número de famílias carenciadas é a lotação das instituições sociais e dos centros de ajuda que oferecem comida e abrigo. De forma a combater e a dar resposta à procura diária de ajuda, as instituições sociais estão a optar pelo alargamento da distribuição de refeições aos mais carenciados em sistema take away, ao mesmo tempo que se alarga o raio de distribuição de cabazes e se oferecerem refeições já confeccionadas, aproveitando a boa vontade de muitos supermercados e comerciantes que dão alimentos frescos.
Em 2010, 115 milhões de pessoas viviam em risco de pobreza ou exclusão social, sendo as percentagens mais elevadas registadas na:
Bulgária (42%), Roménia (41%), Letónia (38%), Lituânia (33%) e Hungria (30%)
Dados recentes sobre o risco de pobreza ou exclusão social na Europa contabilizam 115 milhões de cidadãos em situações precárias, ou seja, 23,4% da população europeia.
Em Portugal, em termos relativos, os 2,7 milhões de portugueses equivalem a 25,4%, mais 43 mil pessoas em relação a 2009 e mais 200 mil face ao valor médio europeu.
Viver com menos de 434 euros por mês
Com base em dados do Eurostat e do INE, uma nova realidade já assumiu contornos de médio/longo prazo: os trabalhadores pobres. Com um aumento de 12% de 2009 para 2010, os portugueses que vivem com menos de 434 euros por mês, já são mais de 1,2 milhões.
Apesar dos apoios sociais atenuarem o fenómeno da miséria - quer de pessoas em atividade, quer das inativas (caso dos reformados e das crianças) Portugal reprova em comparação com os restantes países europeus: em 2010, quase 31% dos empregados foram considerados pobres ou no limiar da pobreza. Pior que Portugal, em contexto europeu, só a Roménia (50%) e a Espanha (41%), um cenário que é certamente mais grave hoje, uma vez que ainda não são conhecidas as estatísticas de 2011. No entanto, com os dados que todos os dias vão vendo a luz do dia em notícias sobre o desemprego e o aumento do custo de vida, não é difícil de prever que a situação está pior.
Para já, uma coisa é certa: enquanto a crise não começar a esmorecer, o imperativo é sair de casa e acorrer a quem mais precisa. Despertar a solidariedade, freguesia a freguesia, rua a rua, porta a porta. Só assim conseguiremos pelo menos garantir a dignidade mínima que a população de um país necessita para poder lutar por tempos melhores.
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