Re: [sbis_l] Anvisa mais uma vez extrapola ....

quarta-feira, 8 de outubro de 2014


Em 8 de outubro de 2014 10:25, Renato M.E. Sabbatini, PhD <listas@edumed.org.br> escreveu:
Colegas, comentários abaixo. Me interesso e trabalho muito nessa área, principalmente com respeito à certificação do software, como sabem.
Será que um profissional médico não tem a capacidade de avaliar se a imagem está adequada para analisar o exame e laudar? Afinal, de quem é a responsabilidade do laudo?
Ou existe algum outro problema que não estou enxergando?
Rosane Gotardo

Não, Rosane, se não vier informações sobre a imagem, o profissional médico NÂO vai ter condições de avaliar se a imagem está adequada, a não ser que a imagem seja muito grosseira. Vou dar um exemplo: o médico radiologista está fora da clinica e recebe uma mamografia para interpretar. Acessa com seu iPad uma imagem enviada por  um colaborador, sabe lá de que jeito foi adquirida. Dependendo da resolução final VISUALIZÁVEL ele pode cometer um sério erro, ao não conseguir visualizar microcalcificações submilimétricas, de importância clínica. Isso vai depender de:
1) que modelo de iPad ele está usando (1, 2, 3, 4? Com Retina Display? Normal ou mini?)
2) que software ele está usando (HD full? 4000 pixels por polegada? Menos? Mais?)
3) como a imagem foi adquirida (escaneada a partir de filme? Que resolução de escaneamento? Imagem extrapolada? Gerado DICOM a partir de um mamógrafo digital?)
4) a imagem foi comprimida? Com perda ou sem perda de resolução? Que algoritmo?

Sei de processos jurídicos nos EUA em que a paciente não teve microcalcificações diagnosticadas devido às condições sub-ótimas da imagem, e o hospital e o radiologista tiveram que indenizar os herdeiros da paciente (morreu) em milhões de dólares! Os advogados contrataram especialistas, e sabiam perguntar tudo isso!

Como você vê, é muito mais complicado do que parece!

Abraços
Sabbatini


Muito obrigada por seu excelente esclarecimento, Dr. Sabbatini! Sempre nos ajudando a ver o outro lado.
Quando perguntei se um profissional médico não tem condições de avaliar a imagem, pensei no contexto desde a coleta - de que ele saberia avaliar se a imagem está em condições de ser analisada para laudar. Lembro de ter assistido palestras em CBIS, onde se falava da importância das imagens, dos problemas de compactação.  
Os profissionais médicos (radiologistas, etc) não são preparados para saber qual o nível de qualidade de imagem deve estar garantida, para que possam analisar um exame e laudar? Para saber onde estão "se metendo" quando optam por laudar imagens oriundas de sistemas que as capturam diretamente do aparelho e, também, avaliar o equipamento que está visualizando a imagem (qualidade do monitor, etc)?
Existem grandes hospitais que usam estas ferramentas no Brasil? Parece-me que ouvi sobre elas em palestras de DICOM e PACS.

Abraços,

Rosane Gotardo

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