A globalização de produção é liderada pelas companhias transnacionais, que funcionam como destacamentos avançados da Tríade Imperial no interior de cada um dos países em que possuem filiais, não só buscando a valorização do capital, mas também influenciando a política econômica destas nações. Estas corporações, com as suas redes de filiais espalhadas pelo mundo, têm a possibilidade, especialmente na periferia, de se aproveitar das melhores possibilidades de cada país, em termos de matérias-primas, mão-de-obra barata, concessões fiscais e creditícias e podem ainda articular a produção em escala global, rompendo assim os estreitos limites da produção nacional e eventual escassez de matéria-prima ou mão-de-obra.
Em outras palavras, as transnacionais transformaram o mundo numa imensa reserva de matérias-primas e mão de obra à sua disposição. Ganharam a flexibilidade para a reprodução ampliada do capital a partir de bases internacionais, quer segmentado as peças, de acordo com o menor custo de produção, e montando o produto final nos países centrais, quer fabricando o produto inteiro e vendendo-o nos próprios países onde é fabricado, ou simplesmente podendo desenhar o produto num país, fazer o protótipo em outro e produzir em massa onde haja a mão-de-obra mais barata (como ocorre com o tênis NIKE) e posteriormente vender a mercadoria no mercado mundial.
As companhias transnacionais compreendem um conjunto de cerca de 63 mil matrizes e cerca de 690 mil filiais (WIR, 20000), além de um conjunto de milhares empresas a elas vinculadas (fornecedores, comerciantes etc.), cujo espaço geográfico envolve praticamente todas a regiões do planeta. Do conjunto destas corporações o que conta mesmo são as 100 principais, cuja produção representa o núcleo mais dinâmico da produção mundial. "As filiais estrangeiras das 100 primeiras empresas transnacionais concentram sua atividade principal na área de equipamentos eletrônicos e elétricos, automóveis, petróleo, produtos químicos e produtos farmacêuticos" (WIR, 2002). Ressalta-se que neste grupo de grandes conglomerados, até 2001, constava apenas uma empresa da periferia, a Petróleo de Venezuela – PDVSA. No relatório de 2002, estão listadas mais duas empresas desse grupo de países: A Whampoa, de Hong Kong, e a Cemex, do México. Portanto, das cem maiores do mundo, apenas três pertencem a países da periferia.
Para se ter uma ideia do peso das corporações transnacionais na economia mundial, continuamos expondo mais dados do relatório da Unctad: o produto bruto associado à produção internacional e às vendas das filiais estrangeiras destas corporações aumentou mais rápido que o produto bruto mundial. Em 1980, aumentou mais rápido que o produto bruto mundial. Em 1980, as vendas destas empresas em todo o mundo somaram US$ 3 trilhões, 1999 já atingiram US$ 14 trilhões, representando quase o dobro das exportações mundiais no período. O produto bruto das vendas no estrangeiro representa uma décima parte do produto bruto mundial, enquanto em 1982 representava somente a vigésima parte (WIR, 2000). Esses dados demonstram o imenso poder econômico que as corporações possuem e provam que a produção mundial tem sua dinâmica centrda nos negócios realizados por etas empresas.
Esse poderio po ser verificado examinando-se o ranking destas empresas e sua relação com o PIB de vários países do mundo. Por exemplo, as sete maiores firmas tem um volume de negócios anual de US$ 961 bilhões, portanto semelhante ao PIB da China, o país mais populosos do mundo. As seis maiores têm um um volume de negócios maior que o PIB do Brasil. As cinco maiores geram recursos maiores que o PIB das Ásia Sul (inclusive a Índia). A General Motors, Daimler, Crysler e Ford, com negócios somando 460,3 bilhões, superam o PIB da Índia. Somente a General Motors e a Daimler tem volume de negócios maior que o PIB da Rússia. Ou somente a General Motors tem um volume de negócio anual maior que os 48 países menos avançados (Toussaint, 2002, p. 57). Por esses dados pode-se ver claramente a dimensão econômica das corporações transnacionais e o imenso potencial que possuem para influenciar as políticas governamentais dos países da periferia no sentido de atender aos seus interesses.
Além do gigantismo econômico, essas empresas controlam vários setores da economia mundial, do comércio aos ramos de ...
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