15 de julho é o Dia do Homem e outras coisas que os homens desconhecem

Se o leitor já perdeu o interesse de ler este texto porque fala de um dia do homem e é homem, deveria ler até o fim e procurar mais informações antes que se arrependa. Os homens sempre dominaram o mundo? Antes do Holocausto, os judeus também.

Homens são grande maioria nos acidentes de trabalho, porque são grande maioria nas profissões mais perigosas e insalubres. Homens são preteridos para a guarda dos filhos em divórcios apenas por serem homens. A maioria dos homicidas é de homens, mas a maioria das vítimas também (e, não raro, o pesar pela morte da vítima é por quem ela amparava financeiramente). Homens também são maioria entre os suicidas (as mulheres tentam mais, em geral com remédios ou venenos, mas homens conseguem mais). Homens trabalham mais tempo, se aposentam mais tarde e morrem mais cedo, e se usa a justificativa da dupla jornada de trabalho feminina, como se a rotina de trabalho e serviços domésticos não fosse comum a cada vez mais homens casados e solteiros.

Mas que importa? Homens são bichos criados para matar. São incapazes de demonstrar afeto. Mas basta folhear um jornal para ver o quanto eles são doentes – não encontramos mulheres que estupram crianças todos os dias. Obviamente, os homens não conseguem e não querem ver a própria doença e negam que causam tamanho sofrimento. Bruno (acusado de assassinar Eliza Samudio) e outros homens violentos são indivíduos comuns, trabalhadores, esportistas, pais de família, bons filhos e cidadãos cumpridores de seus deveres. A partir do "mas que importa?", este parágrafo não é apenas é ironia: são trechos de um comentário impune de uma página feminina, um blogue de uma escritora feminista e um artigo de uma professora da UnB publicado em O Estado de São Paulo. Só me lembrando do que eu já li.

Agora imaginem a seguinte cena: Eu chego aqui e digo, "bem pessoal eu acho que o mundo deveria ser dominado pelos brancos. Porque os brancos são superiores emocionalmente que os negros e tem traços maiores de organização. Notem a África. A África é uma merda porque é dominada por negros. Deixem os brancos dominar que aí o mundo terá mais paz e menos guerras tribais". Bom, se eu escrevesse isso no meu blog falando sério, no outro dia a Polícia Federal entraria na minha casa.

Apenas falar dos vícios do universo feminino em geral traz a um homem o risco de um adjetivo de frustrado pra baixo e a explicação de que nem todas as mulheres são fúteis, sórdidas, só veem os cafajestes como homens e coisas do tipo. Não raro, nem foi isso o que foi dito (pelo menos não atribuído a 100% das mulheres) nem a indignada (pode ser um homem) disse o mesmo sobre os homens para a conhecida que diz que homens não prestam depois de um ou dois relacionamentos onde escolheu o homem errado pra valorizar. Também, a diferença entre masculinismo (movimento pelos direitos dos homens), machismo (crença na superioridade dos homens) e misoginia (aversão às mulheres) praticamente só é entendida pelos masculinistas. Mas a confusão análoga entre feminismo e femismo é diminuída pelas feministas, algumas inclusive dizendo que o termo "femismo" nem existe. Mas não é tudo. Alguns exemplos:

I – Nenhum blogue feminista foi fechado ou teve a autora ameaçada ou processada. Por exemplo, nenhuma associação comercial ou federação de indústrias desafiou qualquer repetidora da falácia de que mulheres ganham menos que homens para o mesmo trabalho a provar o que diz. Mas o blogue Questionando o Feminino foi encerrado no ano passado porque o autor (pelo que disse) foi perseguido e ameaçado. E o segundo parágrafo antes deste é de uma postagem de maio de 2009, depois de mencionar frases cotidianas que depreciam o homem, de um blogue que foi fechado pelo autor em agosto do ano passado depois de uma invasão e cerca de cinco anos de existência: O Perdedor Mais Foda do Mundo, clonado mais adiante pelo invasor para incriminar o autor e o resto é o que você e a Polícia Federal pensam que já sabem sobre Sílvio Koerich.

II – Na única reportagem da BBC Brasil sobre masculinismo, um masculinista é mostrado como idiota e uma feminista refuta-o magistralmente com dados estatísticos. Mulheres feministas costumam ignorar ou apagar comentários dissonantes em seus fóruns e blogues, além de bloquear ou expulsar os seus autores, fora ataques pessoais, e qualquer debatedor sério que esteve lá sabe disso.

III – Uma amiga minha postou uma imagem no Facebook com uma pequena lista de homens brancos na História, como Isaac Newton, Galileu Galilei e Pierre Curie. O perfil foi apagado no dia seguinte.

IV – Um vídeo do The Amazing Atheist, legendado em português pelo Bule Voador com título "Só é sexismo quando homens fazem" comenta um episódio do programa de televisão dos Estados Unidos The Talk em que as mulheres participantes riem do caso de um homem que teve o pênis cortado pela esposa por ter pedido o divórcio. O Bule Voador publicou uma nota se desculpando por "desagradar boa parte de seus leitores" e pela "tremenda injustiça feita por Kincaid ao comentar sobre o fato".

Se o leitor homem está pensando em algo tipo homem-não-chora ou em falar dos fartamente falados problemas das mulheres, não entendeu nada do que eu disse.

Walter Nunes Braz Júnior