Re: [sbis_l] Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Prof. Sabbatini:

Compartilho seu pensamento e indignação.

O corporativismo, a visão "cartorial" em nosso país é um entrave a muitas coisas, inclusive a uma saúde digna para a população.

Também considero que o "mercado" não é tão dócil como muitos defendem.

O Obama está sendo acusado de socialista (rsrsr) pelos republicanos reacionários, por tentar incluir uma fatia (considerável) de americanos que não podem pagar por uma assistência decente à saúde. Devem concordar com a tese de um político nordestino: "quem não puder viver, que morra". Afinal, nossos políticos, quando ficam enfermos (NÃO É DE HOJE), são atendidos em hospitais de referência internacional, às custas do contribuinte.

O Estado tem, sim, que ser regulador, a exemplo de países como o Canadá e a França, que não são socialistas mas não aceitam a visão mercantilista da medicina, como em nosso país.

Abs,

Leonardo A. F. dos Santos
SKYPE :leonardo.santos2911


---------- Original Message -----------
From: "Renato M.E. Sabbatini, PhD" <listas@edumed.org.br>
To: sbis_l@googlegroups.com
Sent: Mon, 09 Apr 2012 20:42:25 -0300
Subject: Re: [sbis_l] Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes

> Em 9/4/2012 19:59, Renato M.E. Sabbatini, PhD escreveu:
> >  Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes
> > O CFM, porém, considera o atual número suficiente, e diz que o
> > problema está na má distribuição. O que temos incontestavelmente é que
> > os médicos são distribuídos de forma trágica e injusta com a
> > sociedade. O cadastro revela que apenas 2% dos municípios possuíam
> > taxa superior a 2,5 médicos por mil habitantes, no ano passado.
> >
> >  "Os médicos vêm com interesse de ganhar dinheiro. Depois de juntar
> > uma boa quantia, vão em busca de conforto. Não querem ficar a vida
> > inteira aqui"
>
> Solução para o desinteresse dos médicos: TELEMEDICINA NELES!!
> Em qualquer lugar do mundo onde a medicina é uma profissão liberal, a
> distribuição da relação pacientes por médico é altamente desigual, por
> vários motivos. Exemplo: a 100 km de Los Angeles, em pleno deserto, não
> existem médicos e nunca vão existir!
>
> Algumas soluções já foram propostas, todo mundo reclama, mas ninguém faz
> nada. Quando faz, como essa iniciativa do governo, não funciona, pois
> poucos médicos gostariam voluntáriamente de ir morar no fim do mundo,
> sem colégio para os filhos, shopping center, acesso à cultura, e,
> principalmente condições de trabalho decente e acesso à informação
> profissional. Sem falar que a maioria quer se especializar, e que
> cidades muito pequenas NUNCA, agora e no futuro, vão suportar um
> especialista.
>
> E é só lembrar que 65% dos municipios brasileiros têm menos de 10.000
> habitantes e uma pobreza existencial total. Sinceramente, você iria??
> Ficaria?? Mesmo ganhando 40 mil reais por mês, como o artigo demonstrou?
>
> A telemedicina pode e deve ser uma solução para a medicina semirural e
> remota. Mas o CFM não deixa: ela só pode ser feita entre médicos, o que
> é um contra-senso total. Se tem médico na ponta de lá, pra que
> telemedicina? Ela é necessária onde não tem médico!!!  Ou seja, mais de
> metade dos municípios brasileiros.
>
> O CFM, os CRMs, as associações médicas e os sindicatos  também são
> contra o governo dar mais facilidades para médicos graduados no exterior
> (a maioria formada de brasileiros que vão estudar na Bolívia, Paraguai,
> Uruguai, Argentina, Cuba....).  Também são contra o serviço civil médico
> (recém formados em faculdades públicas "pagarem" a gratuidade do ensino
> com 2 anos de serviço para omde forem mandados.)
>
> Mas não fazem absolutamente nada para remediar a situação, só ficam
> repetindo que o problema não é falta de médicos, mas sim a sua  má
> distribuição! Ora, vamos então mandar os presidentes de todas essas
> insignes instituições para um Tremembé do Bode qualquer, de 2.000
> habitantes, e a 800 km de uma cidade grande, para exercer lá a medicina
> e conhecer a realidade. Garanto que eles derrubarão as restrições atuais
> ao exercício da telemedicina bem rapidinho....
>
> Povo da SBIS: temos que promover mais o uso de tecnologias remotas de
> acesso à informação, triagem, segunda opinião, telediagnóstico, e,
> principalmente teleconsulta, para resolver esse enorme problema da má
> distribuição geográfica de médicos. Só ficar se lamentando não vai
> solucionar nada, nunca.
>
> Desculpem o desabafo, mas eu tenho ouvido a mesma litania por 40 anos de
> vida profissional, e nesse tempo, apesar do número de faculdades de
> medicina ter mais que dobrado, continua tudo na mesma. Na mesma, não,
> piorou: a cidade de São Paulo tem a metade dos médicos paulistas, que
> são já quase a metade de todos os médicos brasileiros!!
>
> Abraços
> Sabbatini
>
> --
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