Gente,
A meu ver, a questão principal não está no tipo de hospital e sim na gestão da informação e do conhecimento médico.
Qualquer informação, seja de Instituição filantrópica, pública ou privada, se não estiver préviamente organizada por processos de fluxos controlados, não terá como se "auto-organizar" com sua informatização.
Simplesmente, teremos informatizado o caos.
Já participei como usuário da implantação de inúmeros processos de informatização do prontuário clínico em diversas instituições privadas em São Paulo nesses últimos 15 anos.
As instituições privadas apresentam várias nuances de corpo clínico, com variáveis percentuais de corpo clínico externo em contrapartida ao corpo clínico interno. O corpo clínico externo é maioria nos grandes hospitais privados, e a implantação do prontuário eletrônico sofre com sua aderência devido ao pouco comprometimento desse grupo de médicos com a instituição. Por isso que os PEPs costumam ser usados somente no pronto-socorro ou nas UITs, onde o corpo clinico interno é a regra.
Há ainda diferentes estratégias de implantação, desde um exaustivo treinamento dos médicos, com suporte em tempo real, até decisões top-down em que os médicos são obrigados a usar o PEP. Já havia visto algumas experiências em uso mandatório do PEP, mas em hospitais com maioria do corpo clínico interno.
No inicio deste ano, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz está passando por uma experiência insólita com uma estratégia de uso de PEP obrigatório para todos os médicos externos e internos, como pré requisitos para todos ( ou a maioria ) os processos internos ( pedidos de exames. prescrição de medicação, etc). Há muito pouco tempo para fazer uma avaliação mais técnica, pois há uma desagradável surpresa geral por parte dos médicos. Mas estou muito curioso em saber a visão da TI sobre este processo daqui há um tempo. Agora, com certeza devem estar sofrendo nas mãos dos médicos.
Enfim, um sistema só é bom se a informação é boa. E informação boa, é informação organizada por processos bem definidos e controlados.
Um fisiologista francês - Claude Bernard Horner - no fim do século 19, dizia em relação a informação clínica para tomada de decisão : Se você não sabe o que procura, não sabe interpretar o que acha"
Abraços,
Marivan
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Dr. Marivan Santiago Abrahão
On 26/01/2011, at 22:31, Renato M.E. Sabbatini, PhD wrote:
Em 26/01/2011 21:35, ldiamante escreveu:
Poucos médicos preenchem adequadamente o prontuário http://goo.gl/IHIIw
"Com o resultado da análise individual destas instituições, o hospital filantrópico teve 59,5% do preenchimento do prontuário qualificado como péssimo, os dois hospitais públicos tiveram 60% e os dois hospitais privados 68,5%."
Que barbaridade, e que desrespeito à integridade e à qualidade da assistência médica.....
Sabia que era ruim, mas não a esse nível. Pobre medicina brasileira.
"Em geral, se esperava um melhor desempenho do hospital privado, uma vez que ele foi o único hospital presente na pesquisa que é totalmente informatizado. Fornecendo o seu prontuário
digitalizado.No entanto, ele apresentou mais de 50% de prontuários considerados ruins e péssimos. Neste caso não houve registro de ilegibilidade, fator que mais prejudicou a análise dos prontuários dos outros hospitais. "O profissional que não preenche o prontuário não dá importância à história, acha que é apenas burocracia",
Um resultado desanimador da informatização. Eu esperaria um impacto maior.
Sabbatini
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