Debate com um homem feminista em 2008 (Lobo Sagrado, do Antifeminismo)

sábado, 29 de outubro de 2011

Debate com um homem feminista em 2008

Este é o trecho final de uma discussão que eu e outros participantes de uma determinada comunidade tivemos com este feminista. Para manter o sigilo, troquei o nome do participante. O ano é 2008.

Após esta minha última postagem, esperei pela resposta em vão. O meu adversário ainda chegou a postar algo, avisando que iria dar a sua contra resposta a mim e aos outros debatedores, mas sumiu.

Mudei a cor da fonte e o tamanho em suas principais passagens.


Fabiano: "Quando você e outros membros dessa comunidade clamam tanto pela igualdade constitucional (prevista no art. 5º, caput, e no inciso I do mesmo artigo), fazem-no de maneira equivocada. Vocês só conseguem enxergar o que chamamos de igualdade formal, ou seja, aquela igualdade que está apenas no papel, na lei."

Lobo: Na verdade, estou questionando a igualdade que tanto o Feminismo diz buscar. Quero apenas entender a coerência disso tudo. Quando as feministas pregam a igualdade, sempre se fala que fatores biológicos são recursos do Patriarcado pra manter o status quo, dizendo que, na verdade, as diferenças entre homens e mulheres são irrelevantes a ponto de impedir o acesso das últimas a qualquer cargo pretendido.

Porém, venho observando que a idéia dediferenças biológicas são muito bem vindas pelas feministas quando se pretende criar – ou manter as existentes -- leis que privilegiem mulheres, em detrimento dos homens.


Fabiano: "Todos os argumentos apresentados até agora foram baseados apenas no "achismo", sem apresentar nenhum dado concreto da realidade."

Lobo: Então apresentarei alguns dados, já que o senhor não acredita no que foi exposto até aqui.


Fabiano: "Segundo o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), três em cada dez (30%) mulheres com mais de 15 anos já sofreram violência extrema no Brasil."

Lobo: Ok. Mas para fins de comparação, qual é a percentagem masculina para casos de "violência extrema", como você citou? E o que seria essa violência extrema?
É bem tendencioso usar um bocado de números para falar das mulheres, sem compará-los com de homens.
Seria o mesmo que dizer: "O ditador Fulano matou mais de 20 milhões de mulheres de fome durante seu governo. Esse cara pode ser considerado o maior misógino da História."
Mas se olharmos para o número total das pessoas mortas durante seu governo, veremos 15 milhões de homens mortos de fome, mais 10 milhões que morreram em combate ou foram presos e passaram o resto de suas vidas em campos de concentração. Deu pra entender a comparação?

Agora, falando em violência, confira alguns dados do IBGE:

Taxas de mortalidade das pessoas de 15 a 24 anos de idade, por sexo e causas externas, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação - 2000


Para cada 100 mil habitantes brasileiros (residentes nos grandes centros urbanos), na faixa etária citada acima, temos um número de 164,4 homens para 20,6 mulheres. O número de homens que morrem de causas não-naturais, portanto, é de quase 8 vezes a mais do que o número de mulheres.

O número de homicídios por arma de fogo para cada 100 mil habitantes (de 15 a 24 anos de idade) é de 71,7 homens e apenas 4,1 mulheres. Nada mais, nada menos do que uma diferença de mais de 17 VEZES.

Dos 27 grandes centros urbanos, em nenhum deles o número de mulheres assassinadas é menor. Além disso, a disparidade entre os números é "gritante". O número de jovens do sexo masculino que sofrem violência é enorme e ignorado, pois neste país só se tem olhos pros problemas das mulheres.

Não nego a violência contra as mulheres, a violência no lar. Isso é real e precisa ser combatido, mas não com leis discriminatórias de gênero. E o que eu apresentei apenas mostra que homens e mulheres são diferentes e apresentam problemas que exigem uma avaliação pra cada caso. Vamos defender as mulheres da violência interna, mas não nos esqueçamos da violência externa contra o homem. Por acaso você já parou pra se preocupar com o futuro do seu "gênero"?


Fabiano: "Quanto a jornada de trabalho, esta com certeza é mais penosa pra a mulher. Segundo o IBGE, as mulheres gastam em média 22, 1 horas semanais em trabalhos domésticos, enquanto os homens gastam apenas 9,9 horas nos mesmos serviços."

Lobo: Mais uma vez, dados verdadeiros sendo usados de maneira tendenciosa. Em muitos estudos feministas que li, é sempre a mesma história: cita-se aquilo onde a mulher leva desvantagem e omite-se onde há a compensação.

Se mulheres trabalham o dobro do tempo em casa, qual é a diferença de tempo que homens e mulheres gastam em seus respectivos empregos? 
Agora não disponho destes números, no momento, então você tem todo o direito de duvidar de mim. Mas gostaria de dizer que as jornadas de trabalho dos homens são, em média mais longas. Os piores serviços são ocupados por homens, deixando para as mulheres a prestação de serviços e o comércio. Isso ninguém vê.

Além da indústria de base e a construção civil, homens são esmagadora maioria na agricultura e na extração mineral. Bom, imagine um sujeito passar o dia inteiro numa pedreira, debaixo do sol, carregando peso, e depois chegar em casa e ainda ter de ajudar a mulher com serviços domésticos. Isso te parece justo? 

A dupla jornada a que muitos se referem é a referente ao serviço da casa e o trabalho externo. Mas eu te digo que existem, também, outros tipos de duplas jornadas. Um deles é o "emprego 1" e "emprego 2", ou própria jornada dupla da empresa. Muito pai de família é obrigado a manter dois empregos pra poder manter sua casa. Não disponho de números, pois, como deve ter percebido, não se faz pesquisas quando é pra mostrar as desvantagens masculinas.

Meus pais têm loja de material para construção e eu trabalhei por 10 anos lá. A maioria dos meus fregueses são pessoas simples (as chamadas classes "D" e "E"), que trabalham a semana inteira e dedicam os finais de semana pra terminar a casa onde moram. Grande parte dos meus fregueses tem essa dupla jornada, pois trabalham o dia todo no serviço deles e à tarde, pegam pra fazer alguma coisa na obra. O dinheiro que usariam pra pagar um pedreiro, eles deixam pra comprar material pra construção. Raras são as mulheres que ajudam seus maridos na obra, pois elas cuidam da casa.

A dupla jornada masculina existe, mas é ignorada. Até hoje não consegui entender o porquê.





Fabiano: "Quanto a jornada de trabalho externa, cada R$ 100,00 reais de salário de um homem de baixa renda, a mulher ocupando o mesmo cargo receberá R$ 76,00. Em outros cargos, a situação é pior: a cada R$ 100,00 de salário para um homem, paga-se apenas R$ 66,10. E o que isso significa? Significa que, se a mulher quiser manter o mesmo nível de vida de um homem, terá que trabalhar 31, 57% (arredondado para baixo) a mais que o homem de baixa renda e 51, 28% (arredondado para baixo) a mais do que o homem em outros cargos."

Lobo: Quais critérios são usados para se calcular estes valores? Olha, até onde vi, nenhuma empresa paga salários diferentes para homens e mulheres pelo mesmo serviço.Você poderia citar algumas empresas?

No serviço público, onde mulheres são maioria, não há diferenciação no pagamento de salário. Basta ler qualquer edital e verá que os valores são os mesmos. Mas em um ou outro edital, já vi o absurdo de se pagar um adicional somente às mulheres que tem filhos. Mas nunca o contrário.

No caso de policiais e militares, é comum homens receberem um salário bruto maior, pois homens são a maioria nas ruas, enquanto mulheres se restringem aos cargos burocráticos (na maioria). Neste caso, há um adicional por periculosidade, que é pago da mesma maneira para mulheres que trabalham nas ruas.

Existem alguns estudos que indicam o fato de homens receberem, em média salários maiores. Um dos motivos está na própria jornada de trabalho masculina, que costuma ser maior. Homens, também, são maioria nos trabalhos noturnos (que pagam adicionais). Não nos esqueçamos que homens não tiram licenças maternidades, fazendo com que possam se dedicar mais ao trabalho e outra coisinha muito importante, homens começam a trabalhar mais cedo (e se aposentar mais tarde, mesmo vivendo 7 anos a menos)

De acordo com um dado do IBGE, numa pesquisa (2000), envolvendo crianças e adolescentes das Grandes Regiões Brasileiras, com idade de 10 a 17 anos, chegaram aos seguintes números:

Meninos – 13.559.720

Meninas – 13.369.957

Destes meninos, a população economicamente ativa era 29,1%, enquanto o número de meninas era de 17,8% (média nacional). Excetuando o estado do Amapá (15,4% meninos e 15,9% meninas), as outras 26 regiões tem a predominância do trabalho infanto-juvenil masculino.

Não é a toa que o nível de evasão nas escolas é muito maior entre os meninos. Os pais de hoje facilitam mais o espaço paras as filhas estudarem, sobrando muitas vezes aos meninos a tarefa de ajudar no sustento da família.
Se os homens começam a trabalhar ainda durante a adolescência, é claro que tenderão a subir mais nas empresas onde trabalham. A menina pode ter a vantagem de só precisar arrumar um emprego ao terminar a faculdade, mas para ela, começar aos 21 anos, tira-lhe as chances de alcançar altos cargos, já que sua natureza (a maternidade) a "limita" em sua profissão.



Fabiano: "Ainda, dos homens ocupados, 5,5% estão em cargos de chefia, enquanto o mesmo número entre as mulheres é de 3,9%."

Lobo: Eu citei alguns fatores que podem explicar isso. Homens não engravidam e isso nos deixa livres para investirmos mais em nossas carreiras. Há quem diga que nossa testosterona nos faz mais competitivos e menos "acomodados" do que as mulheres, que muitas vezes, apenas querem um emprego que lhe dê dinheiro pra ser independente do marido. Homens não buscam somente isso, sempre buscamos mais, pois é algo do instinto do macho.




Fabiano: "Na América Latina e no Caribe, a violência doméstica incide sobre 25% a 50% das mulheres. Fonte: Relatório Nacional Brasileiro (CEDAW)
-No Brasil, uma entre quatro mulheres é vítima de violência doméstica. Mesmo assim, apenas 2% das queixas desse tipo de violência resultam em punição.Fonte: Advocacia pro bono em defesa da mulher vítima de violência"

Lobo: E os números da violência praticada contra homens, cadê? Por acaso a sociedade é feita somente de mulheres? Ou será que somente mulheres são de carne e osso, enquanto nós, homens, somos seres de metal e frios como pedra?



Fabiano: "O Brasil deixa de aumentar em 10% o PIB em decorrência da violência contra a mulher. Fonte: ONU e IDH"

Lobo: O que pode ser considerado "violência contra a mulher"? É só a violência doméstica ou a violência das ruas também conta? E a violência contra os pais de família, trabalhadores, que todos os dias são assaltados, agredidos e mortos por bandidos e "dimenores" defendidos por ONGs de direitos humanos? E quanto aos condenados por pequenos delitos que acabam sofrendo estupros dentro das cadeias? Homens que poderiam se recuperar, acabam saindo de lá assassinos e estupradores em potencial.

Você citou muitas fontes falando apenas da violência contra as mulheres e esquecendo da violência contra homens. Não dá certo nos focarmos num único lado. Eu não acredito nesse vitimismo feminino, como se toda mulher fosse coitadinha e todo homem, um monstro. Por acaso você é um? Teu pai é um espancador de mulheres em potencial? 

O que realmente prejudica o crescimento deste país é a corrupção, o tráfico de drogas, a prostituição, os maus tratos às crianças e a violência contra o cidadão de bem (aí você pode incluir as esposas decentes, os pais de família trabalhadores e os estudantes que são vítimas de gangues).



Fabiano: "Será que esses dados te dizem alguma coisa? Será que a mulher não merece proteção especial do Estado, diante de tais números?"

Lobo: Será que você se valoriza tão pouco a ponto de achar que seu gênero é formado por monstros espancadores de mulheres e estupradores em potencial? Você acha mesmo que as mulheres de hoje precisam de tanto paparico do Estado, apesar de alguns dados que citei?

Você já viu um grupo tido como "oprimido" viver 7 anos a mais (em relação ao grupo opressor), começar a trabalhar mais tarde, se aposentar mais cedo, trabalhar nos serviços mais "leves" (deixando o duro, o sujo e o perigoso pros "opressores" fazer), receber licenças remuneradas de até 6 meses (mesmo nos casos de adoção), e ainda ter uma lei especial feita pelos próprios opressores para punirem a si próprios? 

Olha, isso que é surrealismo!




Fabiano: "Lobo, te desafio a mostrar estatísticas que mostrem que a mulher não necessita de tal proteção(com citação de fonte, por favor)."

Lobo: Mostrei algumas. Outras são mais difíceis de achar ou simplesmente não existem. Num país tão machista e opressor com as mulheres como o Brasil, o que mais tem é pesquisa pra falar o quanto é duro ser mulher, mas não se vê muitas (pesquisas) para mostrar o lado duro da vida dos homens. Que ironia.

0 comentários: