Autoridade, um mal desnecessário: parte 2 – o poder público
Diz a lenda que um dia a humanidade estava para se matar ou se desestruturar. Haviam também deuses e demônios que deviam ser agradados, acalmados ou afugentados. E a autoridade surgiu para que tudo pudesse funcionar, porque as pessoas não poderiam cooperar espontaneamente nem pensar direito por si mesmas. Quem vai assumir a vaga? Ei, que tal a pessoa inteligente e com moral superior que teve a ideia?
Gente, ficamos mesmo a dever que essa série começou em 24 de janeiro de 2011 (mais de um ano e dois meses depois) e não continuou. Mas sabe que foi bom? Porque olha só o que aconteceu nesta sexta-feira dia 06 de abril de 2012: outra enchente na região serrana do Rio de Janeiro.
Falando rapidamente do caso. Outra temporada de chuvas em Teresópolis deixa 5 mortos e 500 desabrigados. E aquele sistema de monitoramento que já devia estar pronto? O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral lamenta mortes na região serrana e anuncia ajuda. Que coisa! Será que 2013 vai ser igual? Mas e nesse meio tempo, nesses um ano e dois meses, o que aconteceu? O prefeito desviou verbas que deviam ser usadas para a recuperação de bairros afetados. Foi cassado em novembro.
Como a gente sabe, não é que nunca venha algo de bom dos níveis superiores, mas como regra quase universal, mas:
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A autoridade e a hierarquia não são meios de nada, são objetivos em si mesmas.
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A autoridade existe para engrandecer egos, e não para solucionar problemas. É um exército de profissionais, dezenas de departamentos, divisões, gerências que vão de verdade resolver problemas e trazer coisas boas para que meia dúzia de paspalhos levem o mérito. E de vez em quando o mesmo exército de profissionais querendo fazer alguma e não podendo porque a mesma meia dúzia de paspalhos não quer deixar ou simplesmente não pode dar atenção.
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Reforçar o poder da autoridade e promover a hierarquia não é condição necessária para nada. Veja você que os maiores progressos da humanidade surgiram quando o poder da autoridade diminuiu, e não o contrário. O estado de direito é um estado sujeito às próprias leis, só assim (teoricamente pelo menos) nós podemos ter alguma reparação se o próprio estado abusar da autoridade. E só assim (teoricamente pelo menos) os agentes do estado podem ser cobrados em dar o exemplo, tipo se o guarda municipal dirigir falando ao celular dá no mínimo advertência. Antes disso, uma pessoa podia morrer até por usar uma roupa igual à do rei (sério).
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O bem, a razão e a justiça no poder público não são a regra. Afinal, o mundo é dos medíocres e dominado pelos abaixo de medíocres.
Dizia Maquiavel que a autoridade política é instrumento de Deus para a promoção da justiça e do bem com origem e finalidade divinas. Por essas e outras nós não acreditamos em Deus.
Vamos ver exemplos de como a anarquia funciona?
Exemplos da nossa sociedade que apesar de não estarem ligados ao anarquismo são princípios anarquistas em ação.
- Meninos pobres tapando buraco de rodovia com terra
- Civis se arriscando denunciando abuso de autoridade
- Obras sociais sérias, de gente que investe o que sobra do dinheiro e do tempo pra fazer ou ajudar quem faz o que o governo devia fazer
- Voluntários ajudando a resgatar pessoas em desabamentos de edifícios e deslizamentos de terra
- Doações de alimentos e roupas para vítimas de enchentes e deslizamentos de terra, enquanto o poder público manda exército pra gente não saquear comida.
Imaculada Virgínia Pereira Souto e
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