Fwd: [sbis_l] Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes

terça-feira, 10 de abril de 2012

Na maioria destes paises o modelo de atenção para "populações em estado de confinamento ou isoladas" é telemedicina + rodizio de equipes (20 dias no local/ 40 dias na cidade). Aqui no Brasil apenas os trabalhadores das plataformas da Petrobras e algumas tribos indigenas tem este serviço. O que não dá é para reinventar a roda ou resolver um problema criando outro (especialidade brasileira)

abçs
Gustavo Gusso

Em 9 de abril de 2012 23:21, Magdala de Araujo Novaes <magdala.novaes@nutes.ufpe.br> escreveu:

Pessoal, a situação é realmente bastante crítica, não tenham dúvidas que a telessaúde é uma estratégia fundamental para minimizar este caos.
O próprio Programa Telessaúde Brasil vem expondo esta situação já tem anos, e tem sido o verdadeiro programa de inclusão digital nas regiões mais carentes deste país.
Acontece que os entraves para as práticas da telessaúde não esbarram apenas nesta última resolução do CFM, e sim em inúmeros outros problemas que se somam: precária infraestrutura local de serviços de saúde e de conectividade, da falta de serviços de referência para receber os pacientes encaminhados, sistema ineficiente de regulação de serviços, etc.. etc..
Existem hoje inúmeras estratégias do Ministério da Saúde tentando enfrentar esta situação (PROVAB, PET-Saude, Pro-Saude, Telessaúde, UnaSUS, etc.), atacando o problema em diferentes frentes,
desde a formação do médico até sua atualização contínua em serviço, e suporte assistencial remoto. 
No entanto, ainda é um grande desafio a "integração" das tecnologias, e principalmente das "ações", que necessariamente deveriam estar ancoradas num plano de ação nacional que envolva não 
apenas o Ministério da Saúde, mas todos os ministérios, as organizações sociais, as representações de classe, a própria sociedade.
O que Dr. Sabbatini coloca é fato, como fixar pessoas em locais tão desprovidos de tudo? A boa prática da profissão não depende apenas bons salários, mas sim, do que as pessoas consideram como qualidade de vida. 
Depois de muitos anos trabalhando com telessaúde, acreditando nela como um forte instrumento que complementa nosso setor produtivo da saúde, tenho a plena convicção que sem uma forte mobilização de todos, não conseguiremos mudar esta lógica perversa da prestação de serviços de saúde para nossa população.
-------
Atenciosamente,

Profa. Magdala de Araújo Novaes, PhD
Departamento de Medicina Clínica da UFPE
Coordenadora do NUTES e do Grupo TIS
Coordenadora da Disciplina de Informática em Saúde
magdala.novaes@nutes.ufpe.br

Grupo de Tecnologias da Informação em Saúde (TIS)
Núcleo de Telesaúde (NUTES)
Hospital das Clínicas, 2o. andar, UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil
Fone: +55 81 2126-3903   Fax: +55 81 2126-3904
www.tis.ufpe.br      www.nutes.ufpe.br

On 09/04/12 21:49, "Leonardo A. F. dos Santos" <leonardo.santos@mv.com.br> wrote:

Prof. Sabbatini:

Compartilho seu pensamento e indignação.

O corporativismo, a visão "cartorial" em nosso país é um entrave a muitas coisas, inclusive a uma saúde digna para a população.

Também considero que o "mercado" não é tão dócil como muitos defendem.

O Obama está sendo acusado de socialista (rsrsr) pelos republicanos reacionários, por tentar incluir uma fatia (considerável) de americanos que não podem pagar por uma assistência decente à saúde. Devem concordar com a tese de um político nordestino: "quem não puder viver, que morra". Afinal, nossos políticos, quando ficam enfermos (NÃO É DE HOJE), são atendidos em hospitais de referência internacional, às custas do contribuinte.

O Estado tem, sim, que ser regulador, a exemplo de países como o Canadá e a França, que não são socialistas mas não aceitam a visão mercantilista da medicina, como em nosso país.

Abs,

Leonardo A. F. dos Santos
SKYPE :leonardo.santos2911


---------- Original Message -----------
From: "Renato M.E. Sabbatini, PhD" <listas@edumed.org.br>
To: sbis_l@googlegroups.com
Sent: Mon, 09 Apr 2012 20:42:25 -0300
Subject: Re: [sbis_l] Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes

> Em 9/4/2012 19:59, Renato M.E. Sabbatini, PhD escreveu:
> >  Apenas 20% dos médicos estão interessados em áreas carentes
> > O CFM, porém, considera o atual número suficiente, e diz que o
> > problema está na má distribuição. O que temos incontestavelmente é que
> > os médicos são distribuídos de forma trágica e injusta com a
> > sociedade. O cadastro revela que apenas 2% dos municípios possuíam
> > taxa superior a 2,5 médicos por mil habitantes, no ano passado.
> >
> >  "Os médicos vêm com interesse de ganhar dinheiro. Depois de juntar
> > uma boa quantia, vão em busca de conforto. Não querem ficar a vida
> > inteira aqui"
>
> Solução para o desinteresse dos médicos: TELEMEDICINA NELES!!
> Em qualquer lugar do mundo onde a medicina é uma profissão liberal, a
> distribuição da relação pacientes por médico é altamente desigual, por
> vários motivos. Exemplo: a 100 km de Los Angeles, em pleno deserto, não
> existem médicos e nunca vão existir!
>
> Algumas soluções já foram propostas, todo mundo reclama, mas ninguém faz
> nada. Quando faz, como essa iniciativa do governo, não funciona, pois
> poucos médicos gostariam voluntáriamente de ir morar no fim do mundo,
> sem colégio para os filhos, shopping center, acesso à cultura, e,
> principalmente condições de trabalho decente e acesso à informação
> profissional. Sem falar que a maioria quer se especializar, e que
> cidades muito pequenas NUNCA, agora e no futuro, vão suportar um
> especialista.
>
> E é só lembrar que 65% dos municipios brasileiros têm menos de 10.000
> habitantes e uma pobreza existencial total. Sinceramente, você iria??
> Ficaria?? Mesmo ganhando 40 mil reais por mês, como o artigo demonstrou?
>
> A telemedicina pode e deve ser uma solução para a medicina semirural e
> remota. Mas o CFM não deixa: ela só pode ser feita entre médicos, o que
> é um contra-senso total. Se tem médico na ponta de lá, pra que
> telemedicina? Ela é necessária onde não tem médico!!!  Ou seja, mais de
> metade dos municípios brasileiros.
>
> O CFM, os CRMs, as associações médicas e os sindicatos  também são
> contra o governo dar mais facilidades para médicos graduados no exterior
> (a maioria formada de brasileiros que vão estudar na Bolívia, Paraguai,
> Uruguai, Argentina, Cuba....).  Também são contra o serviço civil médico
> (recém formados em faculdades públicas "pagarem" a gratuidade do ensino
> com 2 anos de serviço para omde forem mandados.)
>
> Mas não fazem absolutamente nada para remediar a situação, só ficam
> repetindo que o problema não é falta de médicos, mas sim a sua  má
> distribuição! Ora, vamos então mandar os presidentes de todas essas
> insignes instituições para um Tremembé do Bode qualquer, de 2.000
> habitantes, e a 800 km de uma cidade grande, para exercer lá a medicina
> e conhecer a realidade. Garanto que eles derrubarão as restrições atuais
> ao exercício da telemedicina bem rapidinho....
>
> Povo da SBIS: temos que promover mais o uso de tecnologias remotas de
> acesso à informação, triagem, segunda opinião, telediagnóstico, e,
> principalmente teleconsulta, para resolver esse enorme problema da má
> distribuição geográfica de médicos. Só ficar se lamentando não vai
> solucionar nada, nunca.
>
> Desculpem o desabafo, mas eu tenho ouvido a mesma litania por 40 anos de
> vida profissional, e nesse tempo, apesar do número de faculdades de
> medicina ter mais que dobrado, continua tudo na mesma. Na mesma, não,
> piorou: a cidade de São Paulo tem a metade dos médicos paulistas, que
> são já quase a metade de todos os médicos brasileiros!!
>
> Abraços
> Sabbatini
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