Pegar um livro e abri-lo guarda a possibilidade do fato estético.
O que são as palavras dormindo num livro?
O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente.
O que é um livro se não o abrimos?
Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos acontece algo especial, creio que muda a cada vez.
Jorge Luís Borges
Pensar sobre a importância da biblioteca escolar hoje para o processo de ensino-aprendizagem constitui repensar a própria prática de leitura na escola. Isso porque sabe-se que a biblioteca guarda os mais diversos tipos de livros e que, teoricamente, estão todos à disposição do aluno sempre quando precisar. No entanto, não é isso que de fato acontece. No cotidiano escolar, percebemos a pouca (ou nenhuma) utilização da biblioteca como espaço educativo e informacional que promove leituras, análises, debates e encontros entre livros e indivíduos. A biblioteca, não raras vezes, é palco de punições. Basta um aluno atrapalhar a aula de um professor que logo é enviado, sem aviso prévio, à biblioteca ou à sala de leitura. Por isso, é de suma importância que repensemos o papel da biblioteca dentro da escola e sua significação.
Antes de qualquer proposta que leve os educandos a frequentar a biblioteca escolar, é preciso pensar nos principais problemas que dificultam essa prática. São eles:
1º) O espaço físico - não raras vezes a biblioteca fica num canto escondido da escola. Um local pouco arejado, úmido, mal-iluminado, desconfortável e apertado. Para agravar a situação, muitas escolas dissociam a sala de leitura da biblioteca, apresentando-as como lugares distintos, quando deveriam estar num único espaço. Nesse sentido, a biblioteca em si não passa de um "depósito de livros".
2º) O acervo - geralmente desatualizado; os livros que se encontram na biblioteca diversas vezes estão em péssimas condições de uso. Muitos são doados pelos próprios professores que, querendo se livrar do "entulho", depositam-nos como doação. A falta de recursos para a compra de livros de qualidade contribui para a estagnação e o empobrecimento do acervo.
3º) Organização do acervo - a catalogação do acervo acontece de forma confusa, desorganizada e difícil. O sistema de números e letras dificulta o acesso ao objeto de pesquisa não só para o usuário como para o próprio profissional da biblioteca. Um catálogo mal-organizado e com classificação obscura colabora para a falta de interesse dos usuários pela biblioteca. A verdade é que muitas bibliotecas nem têm seu acervo arquivado de forma que permita a pesquisa dos usuários. Algumas escolas anotam seu acervo num velho caderno que só pode ser consultado pelo próprio funcionário da biblioteca para procurar o material solicitado. Dessa forma, o material não pode ser manuseado pelos usuários. Ou seja: não é permitido fazer descobertas no acervo.
4º) Empréstimo de material - algumas bibliotecas não adotam o sistema de empréstimo, permitindo apenas a consulta do material no local. Alegam que os alunos danificam os livros, arrancam folhas, rabiscam, demoram a devolver ou não devolvem o material. Por conta disso, não ocorre o sistema de cadastro e empréstimo de material do acervo.
5º) Horário de funcionamento - deparar-se com a biblioteca trancada não é pouco comum. O horário de funcionamento nem sempre condiz com os horários que professores e alunos podem e desejam utilizá-la. O fato é que o horário da biblioteca fica a cargo do horário da pessoa que lá trabalha.
6º) Profissional encarregado da biblioteca - infelizmente o que se vê são muitos professores em fim de carreira ou com problemas de saúde encostados nela. Assim, na biblioteca encontram-se muitos profissionais que precisam de um lugar tranquilo, silencioso e vazio para passar os últimos dias, meses ou anos de suas vidas profissionais. Por isso, esses educadores preferem manter a ordem, o silêncio sepulcral e a disciplina no local. O pouco ou nenhum contato com o usuário é ...
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