história, Política
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Uma petição junto ao governo britânico pede que o enterro de Margaret Thatcher seja privatizado. Trata-se, evidentemente, de uma sarcástica crítica a sua gestão (1979-1990).
Thatcher foi, com o general Augusto Pinochet, que governou o Chile de 1973 a também 1990, a grande defensora do neoliberalismo. Os dois foram o modelo do modelo que até hoje domina boa parte do debate econômico.
Muita gente questiona o prefixo "neo" à palavra liberal. Mas o que diferenciava ao "neo" do liberalismo clássico? De certa forma, o pragmatismo. Sob o rótulo liberal, estavam identificadas uma série de políticas de respeito e proteção ao indivíduo. Algumas políticas liberais exigiam, inclusive, a participação do Estado, no sentido de "igualar os desiguais" – na educação, por exemplo.

No neoliberalismo, a grande função do Estado é garantir que a esfera econômica, exclusivamente, esteja livre para atuar. Ou seja, no novo liberalismo, longe de tentar, por vias tortas que fossem, igualar os desiguais, o papel do Estado é garantir que a desigualdade seja usada como instrumento econômico.
Por isso setores que namoram o socialismo (não, não estou falando de Obama) na esquerda americana aceitam o rótulo de "liberal", enquanto um ditador com Pinochet é um neoliberal.
O caso do Chile é mais radical, mas Thatcher também ilustra bem esse poder de vida e de morte do Estado sobre o indivíduo, no sentido de preservar a "livre concorrência" dos fortes contra os fracos.
Privatizar um funeral significa levar às últimas consequências o neoliberalismo, ou seja, dizer simbolicamente que a sociedade não tem responsabilidade sobre a dignidade de ninguém, mesmo na morte. Foi isso que Thatcher defendeu desde que assumiu o posto de primeira-ministra do Reino Unido.
Em 1981, Bobby Sands, um prisioneiro do IRA (Exército Republicano Irlandês), morreu após uma longa greve de fome, mesmo destino de outros nove companheiros. Sands havia sido eleito deputado, e, apesar da pressão internacional, Thatcher recusou-se a negociar com eles. Seu funeral foi acompanhado por 100 mil pessoas.
O funeral, público ou privado de Thatcher, vai conseguir reunir 100 mil carpideiras neoliberais?
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