No Rio, Biden diz que Brasil não é mais emergente e tem novas responsabilidades

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Caio Quero 

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro


Atualizado em  29 de maio, 2013 - 17:03 (Brasília) 20:03 GMT
Biden em discurso no Rio, nesta quarta-feira (AP)

Biden cobrou 'responsabilidade de se posicionar' que acompanha o crescimento do Brasil

No primeiro compromisso público de sua visita de três dias ao Rio de Janeiro e Brasília, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou, na tarde desta quarta-feira, que o Brasil não pode mais ser considerado um emergente, mas sim um país desenvolvido, e que essa nova situação traz novas responsabilidades.

"Vocês não podem mais dizer que são uma nação em desenvolvimento, vocês se desenvolveram. E posso dizer pela minha experiência que, com isso, vem a responsabilidade de falar em todo o mundo, de se posicionar", disse Biden em discurso no Pier Mauá, às margens da Baía de Guanabara, no Rio.

O evento foi acompanhado por cerca de 500 pessoas e protegido por um forte esquema de segurança. Entre as autoridades que acompanharam o discurso estavam o governador do Rio, Sergio Cabral, seu vice, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito Eduardo Paes.

Biden elogiou programas sociais e o desenvolvimento econômico do país nas últimas décadas, mas, em alusão à tradição de não intervenção da política externa brasileira, cobrou um maior envolvimento do Brasil em questões internacionais.

"Vocês emergiram e se engajaram em questões de segurança alimentar, não-proliferação (nuclear), missões de paz, prevenção de conflitos, esforços anticorrupção. Vocês emergiram, se engajaram e tiveram um impacto positivo no mundo", disse.

"Como líder do sul global, há situações em que vocês têm consideravelmente maior credibilidade (que outros países)... Vocês podem desempenhar um papel positivo nas transições no norte da África, e é por isso que buscamos que vocês reconheçam a diferença entre interferência indevida nos assuntos de outros países e o aprofundamento da democracia e dos direitos humanos quando eles estão sob ataque", afirmou o vice-presidente americano, que, no entanto, disse que os EUA partem de "uma posição de respeito" para com o Brasil nas eventuais divergências que tenham.

Visita à Casa Branca

Biden afirmou ainda ter sido incumbido pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de convidar a presidente Dilma Rousseff para "a única visita de Estado que acontecerá em Washington neste ano".

A visita foi confirmada pouco depois em comunicado do governo americano. Segundo a nota, Dilma será recebida em um jantar na Casa Branca em 23 de outubro.

Envolvendo formalidades maiores que uma visita oficial – como a realizada por Dilma em abril do ano passado -, a última visita de Estado aos EUA feita por um presidente brasileiro aconteceu em 1995, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Durante seu discurso, Biden citou as transformações pelas quais passaram os países da América Latina nos últimos anos e destacou o papel do Brasil como o mais importante parceiro dos EUA na região.

"É espantosa a transformação pela qual não apenas o Brasil, mas todo o hemisfério, passou. Conflitos políticos agora são resolvidos nas urnas, eleições democráticas são a norma, nós temos agora 275 milhões de pessoas na América Latina e Caribe que fazem parte da classe média. As coisas estão mudando", disse.

"Podemos ver no futuro um continente americano de classe média, democrático, seguro, do Círculo Ártico ao Estreito de Magalhães. A questão para os Estados Unidos não é o que podemos fazer pelas Américas, mas o que podemos fazer juntos. E nenhum parceiro é tão significativo nesse empreendimento quanto o Brasil."

Conquistas

Biden lembrou ainda as conquistas econômicas e sociais do Brasil nos últimos anos, desde as políticas para o controle da inflação nos anos 1990, até os programas sociais da última década, citando nominalmente os programas Bolsa Família, Fome Zero e Minha Casa, Minha Vida.

Em uma aparente alusão a países como a China, que experimentaram grande crescimento econômico em meio a regimes autoritários, Biden elogiou as instituições democráticas do Brasil.

"Acredito que a lição mais importante (...) ao mundo e a este hemisfério em particular foi que vocês demonstraram que não há necessidade de um país escolher entre democracia e desenvolvimento; vocês demonstraram que não há necessidade de escolher entre a economia de mercado e políticas sociais inteligentes", disse.

Afirmando que as relações entre os dois países experimentaram uma aproximação durante o governo Obama, Biden disse que sua visita e a de outras autoridades americanas ao Brasil são uma mostra dos esforços por parte dos EUA para aprofundar as relações bilaterais e do valor que dão ao Brasil.

"Mas ainda há um abismo gigantesco entre onde estamos e o que somos capazes. Temos a oportunidade de estabelecer uma agenda ambiciosa em questões que interessam a nossos povos, para marcar 2013 como o começo de uma nova era das relações Brasil-EUA", disse.

O vice-presidente afirmou que o comércio bilateral – que atualmente movimenta um montante na casa dos US$ 100 bilhões anuais – poderia ser chegar a US$ 500 bilhões e ressaltou a importância da cooperação dos dois países nas áreas energética e de educação.

Na manhã de quinta-feira, Biden deve visitar uma favela carioca e se encontrar com funcionários do consulado americano no Rio.

No final da tarde, ele e sua mulher, Jill Biden, seguem a Brasília, onde, na sexta, se encontra com Dilma e o vice-presidente Michel Temer.


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